‘Tem horas que a gente se vê enxugando gelo’, diz procurador sobre corrupção

Operação Recidiva investiga suspeita de corrupção em quatro prefeituras paraibanas.

coletiva imprensa PF Operação Recidiva (Foto: Herbert Araújo/CBN João Pessoa)
coletiva imprensa PF Operação Recidiva (Foto: Herbert Araújo/CBN João Pessoa)
Coletiva de imprensa da Operação Recidiva (Foto: Herbert Araújo/CBN João Pessoa)

“Tem horas que a gente se vê enxugando gelo, são tantos os casos de corrupção que acontecem no dia a dia que não vemos uma luz no fim do túnel. Nenhuma operação, por maior que seja, é solução para nada, é apenas um paliativo para combater um caso pontual, que será repetido mais a frente, se mudanças estruturais em todo o sistema não forem adotadas”. Essas foram as palavras do procurador do Ministério Público Federal (MPF), Marcos Queiroga, durante entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã desta terça-feira (30), com o objetivo de apresentar detalhes sobre a terceira fase operação Recidiva.

A ação conjunta entre MPF, Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Federal (PF) investiga supostos desvios de recursos destinados a licitações para obras públicas, por 4 prefeituras na Paraíba. O procurador destacou a participação da construtora entre os alvos da atual etapa da operação. De acordo com ele, a empresa esteve envolvida em uma outra investigação, na época vinculada à operação desumanidade, também movida pelos órgãos, de forma conjunta.

Para Marcos Queiroga, as operações policiais são necessárias para conter casos pontuais, mas defende que apenas uma mudança de postura por parte da classe política e de empresários pode controlar a ocorrência dos casos de corrupção.

“A operação de hoje é mais uma; amanhã surgirão outras operações e nenhuma será solução para nada, além daquele problema pontual. Enquanto mudanças de mentalidade, sobretudo de gestores e de empresários não se concretizarem a partir dessa luta que se trava, nós não conseguiremos avançar. É preciso mudanças estruturais para que o ambiente que permite a corrupção não exista mais.”

A operação Recidiva cumpriu 12 mandados de busca e apreensão nas prefeituras de Bayeux, Emas, Patos e Mogeiro, além de uma casa lotérica em Salgado de São Félix e da sede da construtora, também em Mogeiro. Segundo ação do MPF que desencadeou a terceira fase da Recidiva os prejuízos ultrapassam R$ 5 milhões de reais. Os recursos desviados eram originários de repasses do Governo Federal.