Paraíba não oferece condições necessárias para diagnóstico de câncer, afirma TCU

Informação faz parte de auditoria operacional realizada pelo Tribunal.

Paraíba não oferece condições necessárias para diagnóstico de câncer, afirma TCU
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) identificou que o diagnóstico de confirmação de câncer vem sendo realizado de forma tardia, com alto percentual de pacientes tendo a confirmação com a doença em estágio avançado em todo o país. O estudo aponta também, que na Paraíba e no Paraná a situação é mais grave, já que os dois estados “ainda não foram sequer definidos” os protocolos e fluxos para exames necessários ao diagnóstico de câncer.

O objetivo da auditoria operacional foi avaliar a implementação da Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer quanto ao acesso a serviços de diagnóstico. Foram coletadas e analisadas informações relacionadas aos oito tipos mais prevalentes de câncer no Brasil: próstata, mama, colo do útero, traqueia/brônquio/pulmão, cólon e reto, estômago, cavidade oral e tireoide.

A auditoria foi realizada no Ministério da Saúde, na Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS), no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e nas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde de quatorze estados (Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Paraná, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins).

Segundo o ministro Augusto Nardes, relator do processo, “a situação encontrada é preocupante e sinaliza que o que foi realizado no âmbito da Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer não obteve a efetividade ao mínimo esperada”. Em seu voto, Augusto Nardes destaca que o país não tem sido capaz de alcançar a amplitude necessária para assegurar a detecção precoce da enfermidade em caráter nacional.

A auditoria revelou que um alto percentual de pacientes está sendo diagnosticado com a doença em grau de estadiamento (classificação dos tumores) III e IV – estágio já avançado da enfermidade. O relatório apontou, ainda, ausência de informações consistentes e confiáveis que possibilitem o cálculo e o acompanhamento do tempo e dos valores despendidos para realização do diagnóstico do câncer. Também não foram identificados indicadores de desempenho e ferramentas administrativas que permitiriam a avaliação contínua da qualidade de cada etapa percorrida pelos pacientes para a identificação da doença e da própria efetividade das políticas aplicadas.

O que diz a Saúde da PB

A Secretaria de Saúde da Paraíba disse que no estado, diferentemente de outras unidades da federação, todos os municípios são plenos de gestão, inclusive as centrais de regulação para dar acesso a esses procedimentos de exames especializados são geridos pelos municípios, sendo o Estado um prestador de serviço neste fluxo. “O governo do estado vem investindo, nos últimos anos, na ampliação de serviços especializados em câncer, como o CEDC em João Pessoa e o Hospital do Bem, o primeiro serviço público de oncologia no sertão nordestino. Em todos eles, o encaminhamento dos usuários se dá pelos municípios”,  disse a secretaria

Providências

Com o objetivo de reverter esse quadro, o TCU determinou ao Ministério da Saúde que, no prazo de 90 dias, elabore e apresente ao Tribunal plano de ação contendo as medidas a serem adotadas, os responsáveis e o prazo para implementação das medidas. O plano deverá conter uma série de ações, como o desenvolvimento de um programa para estruturação da rede de atenção à saúde em relação ao diagnóstico de câncer, a análise da viabilidade de criação de centros regionais de diagnóstico e a avaliação do desalinhamento entre os valores pagos pelo SUS e os custos efetivos da realização dos exames.