Fernanda Benvenutty morre aos 57 anos, em João Pessoa

Ativista das causas culturais e da comunidade LGBTQI+, ela lutava contra um câncer.

Foto: Reprodução/Facebook/Fernanda Benvenutty
Fernanda Benvenutty morre aos 57 anos, em João Pessoa
Foto: Reprodução/Facebook/Fernanda Benvenutty

A ativista Fernanda Benvenutty morreu na tarde deste domingo (2), em João Pessoa, aos 57 anos. Defensora da cultura e da comunidade LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros), ela estava internada desde a noite do sábado (1º), quando passou mal e precisou ser internada em um dos hospitais da Capital. Há anos, Fernanda lutava contra um câncer no estômago e nos últimos meses estava acamada, recebendo cuidados em casa. A informação da sua morte foi confirmada por Paulo César, amigo e diretor da Escola de Samba Unidos do Roger, entidade que Fernanda estava como presidente.

“O estado de saúde dela estava agravado por causa do câncer. Ela foi internada e ficou constatado que os rins estavam paralisados. Havia essa suspeita, pois ela demonstrava dificuldade para fazer necessidades básicas. Assim que ela deu entrada no hospital, foi para a UTI e na tarde deste domingo recebemos a triste notícia da sua morte”, disse.

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Paulo ainda contou que mesmo sem boas condições de saúde, Fernanda participava das decisões relacionadas ao desfile de carnaval da Unidos do Roger, programado para o fim deste mês, durante o Carnaval Tradição de João Pessoa. “Não tinha nada que fizéssemos, que não fosse passado para ela e precisava ter o seu aval. Queria saber de tudo, mesmo estando em casa. Sempre conversávamos, as ideias eram discutidas e tudo dependia do seu sim”, contou.

Fernanda Benvenutty, que deixa três filhos, completaria 58 anos no próximo domingo (9). O velório está acontecendo desde às 18h no Ginásio do Guarani, no bairro do Roger e o enterro será nesta segunda-feira (3), às 15h, no Cemitério Santa Catarina, no Bairro dos Estados.

Trajetória

Fernanda Benvenutty nasceu em Remígio, no Agreste da Paraíba, em 9 de fevereiro de 1962. Técnica em enfermagem, exerceu a profissão na Maternidade Cândida Vargas e no Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, em João Pessoa. Militante do movimento LGBTQI+, foi fundadora e primeira presidente da Associação de Travestis da Paraíba.

Desde a infância, Fernanda já se reconhecia como transexual. Foi artista circense, atriz e viveu boa parte da vida envolvida com o movimento cultural, através de escolas de samba. Passou pela ‘Noel Rosas’, ‘Última Hora’, ‘Catedráticos do Ritmo’ e em 2004, fundou a Império do Samba, no bairro do Roger, em João Pessoa. Em 2014, Fernanda participou da fundação de uma nova escola, a Unidos do Roger, onde atuava como presidente até então.

Na política, concorreu ao cargo de vereadora em João Pessoa, nos anos de 2004 e 2008 pelo PT e em 2016, pelo PSD. Em 2010, também pelo PT, disputou uma vaga na Assembleia Legislativa da Paraíba, quando obteve 2.782 votos, considerada a sua votação mais expressiva.

Solidariedade

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) emitiu uma nota sobre a morte de Fernanda, destacando a sua trajetória de luta pelos direitos humanos e das pessoas trans.

“É com imensa tristeza que a Antra informa que neste 02 de fevereiro, partiu desse plano a nossa querida Fernanda Benvenutty. Ela que foi pioneira de muitas lutas e de muitas batalhas perdeu a vida vitimada pelo câncer. Nós estamos dilaceradas por perder tão importante personalidade, mas temos certeza que ela cumpriu o seu papel. E nos deixou um belo legado de luta e resistência. Guardem as lembranças felizes que estiveram presentes onde Fernanda passou, e que ela siga em paz. Nós continuamos aqui na luta que ela tanto ajudou”, diz a nota.

O prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, também se manifestou através de nota, sobre o momento de tristeza para o movimento cultural e social da Capital, com a morte de Fernanda Benvenutty.

“Além de externar reconhecimento ao trabalho e luta de Benvenutty, Luciano Cartaxo lamenta a a grande perda que o movimento carnavalesco sofre com a passagem de uma das mais dedicadas defensoras do Carnaval Tradição de João Pessoa, como integrante da Escola de Samba Unidos do Róger”.