Voluntário, médico liga para informar familiares sobre situação de pacientes

Profissional explicou que a ideia surgiu da necessidade de humanização no tratamento desses pacientes.

Foto: Acervo pessoal
Voluntário, médico liga para informar familiares sobre situação de pacientes
Foto: Acervo pessoal

Diferente de outras doenças, onde o apoio da família ao paciente é essencial para a sua recuperação, a Covid-19 provoca um cenário de solidão: tanto para quem está doente, já que fica em constante isolamento, quanto para os familiares que aguardam ansiosamente por notícias todos os dias. Para amenizar o sofrimento de algumas pessoas durante este processo, o médico e professor da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Fábio Dantas Galvão, decidiu ligar diariamente para os familiares dos pacientes graves da UTI do Hospital Pedro I, em Campina Grande, para passar informações sobre o estado de saúde de cada um deles.

Ele se colocou voluntariamente para fazer a ponte entre o trabalho realizado pela equipe médica e os familiares dos pacientes desde o início da pandemia. Fábio explicou que a ideia surgiu da necessidade de humanização do tratamento desses pacientes, uma vez que a equipe que está na linha de frente de combate a Covid-19 percebeu a aflição dos familiares por não poderem acompanhar de perto seus parentes nas alas de tratamento intensivo.

Todos os dias, Fábio tem acesso aos boletins médicos dos pacientes e, ao invés do serviço social entrar em contato com a família e passar o resumo do estado de saúde, é ele quem liga e explica detalhadamente o quadro do paciente e a evolução clínica, o que acaba tranquilizando os familiares ou conscientizando da gravidade do estado de saúde, nos casos mais complicados.

Nas conversas, ele fala dos avanços do quadro de saúde e a situação clínica do paciente. Ele relata o desespero dos familiares por não poderem acompanhar de perto a evolução dos pacientes, devido às medidas de restrições para evitar o contágio do vírus.

“Percebemos que os parentes dos pacientes queriam sempre um detalhamento maior do boletim, exigiam falar com o médico e isso não está sendo possível. Muitos também estavam vindo diariamente ao hospital para buscar informações, o que não é indicado. Mas depois que o doutor Fábio começou a atuar voluntariamente, ligando para essas pessoas, isso levou mais tranquilidade a todos eles”, explicou o diretor clínico do Hospital Pedro I, Tito Lívio.

Como forma de amenizar a angústia dos familiares e humanizar o tratamento, Fábio Galvão dedica vários minutos para conversar com cada familiar dos pacientes internados na UTI da unidade hospitalar.

“Tentamos levar uma palavra de conforto em uma situação tão difícil. Tento colocar as explicações numa linguagem mais próxima deles e tento, inclusive, levar um pouco de conforto em uma hora tão difícil como essa. Tem sido um trabalho difícil, emocionalmente desgastante, mas muito impactante, muito positivo, porque os familiares se sentem bem mais confortados”, disse Fábio.