Pandemia piora vida dos mais pobres em João Pessoa, aponta pesquisa da UFPB

Ausência de investimentos em moradia e saneamento básico influenciam cenário.

Foto: Francisco França/Arquivo
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Pandemia piora vida dos mais pobres na Grande João Pessoa, apontam pesquisadores da UFPB. Foto: Francisco França/Arquivo

Os reflexos da pandemia provocada pela Covid-19 vão além de questões relacionadas à saúde. O isolamento social tem implicações diretas na economia do país, atingindo principalmente a população que já vive em situação de vulnerabilidade social, que durante este período tiveram a sua condição de vida ainda mais dificultada.

Uma pesquisa do projeto ‘Direito à cidade e as lutas pelo espaço urbano: necessidades radicais e utopia’, realizada pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), alerta para as formas de precarização na vida das populações mais pobres da Grande João Pessoa.

De acordo com os pesquisadores, entre as iniciativas que se tornaram urgentes estão o cuidado com a saúde das mulheres grávidas ou com filhos pequenos e o fornecimento de materiais de limpeza e de higiene para que a população possa se proteger contra o contágio da Covid-19. Além disso, há a necessidade urgente do suporte de infraestrutura, diante da precariedade das moradias de famílias das comunidades, favelas e ocupações.

A advertência é que o momento exige um pensamento junto à prática, articulando possibilidades de superação da realidade de segregação no estado da Paraíba.

“É o comprometimento com a transformação da realidade desigual em que vivemos. Ao refletirmos sobre as contradições da produção da cidade, sobretudo os mais pobres nas periferias, estamos construindo nossa própria vida nas cidades. É preciso pensá-las enquanto totalidade e lugares de realização de vidas”, explicou o professor Rafael de Pádua, coordenador do projeto.

Após uma série de levantamentos das necessidades de comunidades, favelas, ocupações e periferias do estado, o Fórum Estadual de Reforma Urbana e pesquisadores da UFPB elaboraram reivindicações que foram encaminhadas para o Governo do Estado da Paraíba e a Prefeitura de João Pessoa.

Os pesquisadores acreditam que, mesmo diante da produção excludente e histórica nas cidades brasileiras, a segregação social e do espaço se agravaram com a pandemia da Covid-19 e os impactos das enchentes.

“Impõe-se o enfrentamento emergencial também na questão habitacional. Esta demanda se apresentou diante da falta de condições de garantia do direito à vida. Os espaços nas moradias precárias não permitem a proteção e condições extremamente difíceis são notadas, especialmente na vida de idosos em bairros mais pobres. O acesso à saúde tem sido uma dificuldade no pronto atendimento. Os locais são distantes e a falta de profissionais geram riscos à vida da população”, afirmam os pesquisadores.

Outra questão ressaltada por representantes das comunidades para o grupo de pesquisadores da UFPB e do Fórum Estadual de Reforma Urbana foi a educação de crianças e adolescentes. As aulas foram interrompidas durante a pandemia e agravaram problemas quanto à falta de escolas nos bairros, assim como a dificuldade de fornecimento da alimentação que os alunos tinham nas escolas.