Ineficaz contra a Covid-19, venda de ivermectina aumentam quase 700% na PB

Quase 1 milhão de unidades do remédio foram vendidas no estado em 2020.

Ineficaz contra a Covid-19, venda de ivermectina aumentam quase 700% na PB

Apesar da ineficácia da Ivermectina contra a Covid-19, as vendas do medicamento na Paraíba apresentaram um aumento expressivo de 680% em 2020, segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF). O efeito do vermífugo contra o novo coronavírus não é comprovado cientificamente, e a própria fabricante do medicamento, a farmacêutica Merk, descartou a relação do remédio contra a Covid-19.

De acordo com o CFF, a quantidade de unidades de ivermectina vendidas em 2019 alcançou 117.120, enquanto em 2020 disparou para 913.975 – quase um milhão. Além da ivermectina, a hidroxicloroquina também foi mais bem vendida em 2020 do que no ano anterior, com um aumento de 68% na Paraíba, passando de 18.596 unidades vendidas em 2019 para 31.268 no ano passado.

Em todo o Brasil, mais de 2 milhões de unidades da hidroxicloroquina foram vendidos em 2020, contra o pouco mais de 960 mil vendidos em 2019. O Ministério da Saúde e várias secretarias municipais de Saúde, como a de Campina Grande, chegaram a adotar o medicamento no suposto “tratamento precoce” contra o novo coronavírus. Enquanto o Conselho Federal de Farmácia demonstra preocupação com a adesão da população à crença de que estes remédios tratam a Covid-19, mesmo sem qualquer comprovação científica.

“O CFF alerta que todos os medicamentos podem gerar efeitos adversos e que os riscos são ainda maiores para os medicamentos tarjados (aqueles de venda sob prescrição médica), não podendo ser negligenciados, considerando uma doença tão desafiadora como a Covid-19. A automedicação é fortemente desaconselhada”, alerta o assessor da presidência do CFF, Tarcísio José Palhano.

Em comunicado, a Merk destacou que não há base científica para um potencial efeito terapêutico da ivermectina contra a Covid-19 em estudos pré-clínicos; não há evidência significativa para atividade clínica em pacientes com a doença; e há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância na maioria dos estudos.