Auxílio emergencial vai chegar com mais de dois meses de atraso

Por ANGÉLICA NUNES e LAERTE CERQUEIRA 

Auxílio emergencial vai chegar com mais de dois meses de atraso
Foto: divulgação/Caixa

Se, por um lado, as restrições ao funcionamento de alguns segmentos para conter o avanço da pandemia são necessárias, por outro, têm preocupado quem depende do emprego para colocar comida na mesa. Sem falar nos informais que também já colocaram a “mão na cabeça”.

O presidente do sindicato dos bares e restaurantes, Graco Parente, divulgou um dado que, caso se concretize, será terrível: serão 200 desempregados nos próximos dias. Mais desempregados.

Alega que os empresários não vão dar conta de 15 dias de redução no horário de funcionamento dos estabelecimentos. A medida foi imposta pelos novos decretos do governo do estado e municípios. Os gestores sabem do problema, mas lembram que evitar o colapso no sistema de saúde, agora, é a prioridade.

Para complicar a situação, o auxílio emergencial, que foi um alívio para muita gente na pandemia, caminha a passos lentos no Senado. A proposta, que estaria na pauta desta quinta (25), só deve ser analisada na terça-feira (2). Há tensões com a ‘cláusula de calamidade’, incluída pelo relator Marcelo Bittar, que acaba com os pisos constitucionais para gastos em saúde e educação dos estados e municípios.

Em meio às discussões, o prazo limite de 15 de março bate à porta e lá se vão dois meses de uma massa de desempregados sem renda alguma. O pior é que, ainda que saia, deve ser bem abaixo dos R$ 600 que foram pagos ao longo de 2020. O ministro da Economia, Paulo Guedes já levantou a possibilidade de que o valor ainda deve cair de R$ 300 para R$ 250.

Quando sair, o auxílio emergencial vai chegar com mais de dois meses de atraso e com um cenário de mais desemprego, mais informalidade e mais desigualdade. Definitivamente, governo e Congresso parecem viver em um mundo paralelo, onde fome espera, onde necessidades básicas são pausadas para que eles, no tempo dos interesses políticos, tomem uma decisão para uma massa de pobres e miseráveis.