Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES
Alguns religiosos se levantaram contra o decreto que suspende missas, cultos e celebrações religiosas. Na argumentação, questionam a abertura parcial de bares e restaurantes até as 16 horas. Criam uma dicotomia nociva, na seguinte linha de: “estão priorizando a bebedeira, o pecado e proibindo a oração, a limpeza espiritual”.
Vamos ao óbvio. A suspensão que atinge as celebrações religiosas é apenas para evitar mais deslocamentos, possíveis aglomerações, contatos, uma, duas contaminações a mais que podem acontecer na calçada, nos corredores dos condomínios, no elevador, na cantoria eufórica, na displicência dos encontros.
Ninguém está dizendo que a Igreja aglomera mais do que os bares. Nem que um é melhor do que o outro. Nem que os templos religiosos não seguem protocolos. Mesmo sabendo que alguns não são tão rigorosos, como também acontecem com os bares e restaurantes.
A questão é: durante 15 dias de igrejas fechadas, com celebrações presenciais suspensas (com menos possibilidade de contaminação), ninguém perde o emprego, ninguém corre o risco de passar fome, de não dar comida ao filho, de pedir esmolas, de ter a conta de energia cortada, de não ter dinheiro para comprar o gás. A Arquidiocese da PB entendeu o recado antes mesmo do decreto e suspendeu as missas. Outros líderes religiosos deveriam ter feito isso.
A redução do horário de bares e restaurantes e não o fechamento, como aconteceu com as igrejas, é apenas para diminuir a quantidade de pessoas que serão demitidas, que ficarão sem auxílio. Diminuir a quantidade de pessoas que vão precisar de dinheiro para “alimentar o corpo”.
Os cristãos deveriam se orgulhar de contribuir com a manutenção de empregos, com a alimentação do próximo, sensibilizar-se com a situação financeira do outro, rezando ou orando em casa. Afinal, Deus disse: “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18,20). O decreto não determina suspensão da fé por 15 dias.
E antes que venham os “cancelamentos”, deixamos claro que não somos ateus, somos cristãos e nos orgulhamos de saber que nossa oração em casa, com a família, ou a ajuda espiritual a alguém, por telefone, por videoconferência, pelas redes sociais, significa o emprego mantido de uma faxineira, do garçom, do ajudante de cozinha, dos bares e restaurantes que, vale ressaltar, não vendem apenas bebidas alcoólicas. Por trás, tem toda uma cadeia produtiva, que gera centenas de empregos.
Esses estabelecimentos abertos, mesmo que em um tempo curto, com toda fiscalização e compromisso dos donos, podem evitar o aumento da desigualdade que a própria Igreja, com ações maravilhosas, luta há dezenas de anos para diminuir.
Então, vamos parar com essa guerra discursiva que não leva a lugar nenhum. Vamos pedir fiscalização, conscientização das pessoas, porque a vida real e caótica já se instalou em leitos de hospitais privados e públicos, todos lotados. Basta conversar com qualquer profissional de saúde para entender o momento terrível que vivemos.
Ser cristão é pensar no outro, é amar ao próximo, mesmo que isso signifique abrir mão de uma vontade própria.
Genial esse texto! Parabéns a Laerte Cerqueira e Angélica Nunes por explanar tão bem o que muitos não conseguem enxergar!
Minha luta jamais é quanto a fechar outro estabelecimentos ou entrar em guerra do que é mais importante , afinal os garçons (acho que se esqueceram dessa classe ) estão sofrendo bastante com isso!! Mas vamos a dados vc sabe que durante o isolamento o índice de suicídio cresceu 32%?! Voce sabe que 53% de aumento o número de divórcios? Abusos?! Embora alguns consigam ajuda psicológica , outros só contam com a igreja onde tbm é ligar de refúgio e socorro , ações sócias sim, crianças que onde que só conseguem comer bem na igreja! Fácil para alguns que o único papel é pregar , mas ser igreja é TB agir, e na própria igreja existe trabalhos q não devem parar e inclusive agregam a sociedade. Nem todo mundo que trabalha na igreja é voluntário , existem funcionários assalariados! Nossa preocupação não são os 15 dias. Porque que coloca 15 dias sem nenhum tipo de aviso ou reunião , coloca 30, coloca 60 , 90 dias ou há se esqueceram que a “quarentena” durou muito mais que isso ?!
Falou muito, mas não falaram muita coisa. Discordo. Se eu tenho o direito de sair pelos corredores do meu condomínio, pegar um elevador, passear na minha calçada e ir numa sorveteria, num supermercado ou para fazer absolutamente nada na rua, eu também tenho o direito de sair e manifestar minha fé coletivamente. E não venham com “deviam se orgulhar” pra amenizar uma restrição que não é isonômica e proporcional. Que se estabeleça uma regulação, como admitida ano passado, estipulando porcentagem de lotação (e as óbvias medidas de segurança como distanciamento, aferições e disposição de álcool em gel). Seja qual for a fé, nem estado e nem “representantes”, tem o direito de decidir como os indivíduos usufruirão (salvo em situações extremas de estado) de suas liberdades religiosas. Estamos falando de um direito constitucional. E não reduza a fé de ninguém a um ou dois versos, porque viver a fé cristã (e as demais também) vai além das percepções de caridade.
A discriminação aos que praticam e priorizam sua vida espiritual é critante! Sim Deus está em todo lugar e sim sabemos que fechar bares e comércio é um suicídio econômico! Estamos defendendo o direito de uma instituição, como qualquer outra, de se manter aberta e sim, com capacidade reduzida. Ser humano não é apenas corpo, que precisa de alimentação física, mas alma que tem seus medos, frustrações e principalmente tristeza! É esse tipo de alimento que as igrejas tem a oferecer.
Chega a ser ridículo a omissão do que realmente tem acontecido, primeiramente o ato de solidariedade é individual e não por meio da imputação por meio de decretos, isso é inconstitucional.
A forma como você aborda até parece que os únicos dias úteis utilizados pela igreja, provavelmente algum dia da semana e um domingo com 30% de sua capacidade seguindo todos os protocolos vão diminuir o número de casos enquanto estabelecimentos com uma facilidade maior de propagação continuam seus trabalhos.
Além de diversas festa particulares que realizam…. sem contar no período político onde não houve nenhuma dessas medidas…. Agora aproveitar o momento e tentar passar na cara da igreja essa de “amor ao próximo” para dá voz a um governo perseguidor da igreja…. me pouoe
Acontece governador que a igreja, não e apenas um lugar onde se reúne fiéis, mas é um pronto socorro espiritual, que recebe pessoas depressivas, angustiadas, amarguradas, se o padre reúne apenas fiéis, esse não e caso das demais igrejas, que recebe pessoas em total desespero, e uma vez direcionadas a usarem a fé, passam a ter paz em suas almas, por isso a igreja é um serviço essencial, mais do que preservar empregos, preserva a vida de pessoas que tinham como saída tirá-la, então meu caro governador peço mais uma vez repense no seu decreto.
Perfeito comentário! Parabéns! 👏👏👏👏👏👏👏👏👏
A tua fé é fraca? Precisa estar numa igreja para fazer oração?