Negacionismo sabotou ações do governo federal elogiadas por Geraldo Medeiros

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES 

Negacionismo sabotou ações do governo federal elogiadas por Geraldo Medeiros

O secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, elogiou o governo federal em encontro com o ministro da Saúde paraibano, Marcelo Queiroga, no último fim de semana, em Campina Grande. A fala surpreendeu alguns.

Mas o que Geraldo fez foi ser justo. Destacou que a Paraíba não tem do reclamar da oferta de insumos, equipamentos e de toda uma logística que foi montada.

Segundo ele, isso fez com que a Paraíba não entrasse em colapso. “Se não fossem as ofertas do Ministério da Saúde e do Governo Federal, nós teríamos entrado em colapso”, disse em alto em bom som.

Fez “a média” como ministro? Não. Apenas destacou os pontos positivos do governo federal na gestão da pandemia, quando o beneficiado foi a Paraíba.

Mas isso exclui os pontos ruins, negativos? Não. Geraldo não tocou neles. Não falou que o sacrífico para enfrentar a pandemia, com toda a estrutura fornecida pelo Ministério da Saúde, foi infinitamente maior por causa do estímulo ao negacionismo que partiu do Palácio do Planalto.

É que toda estrutura, com habilitação de leitos, envio de insumos, logística poderiam ter sido mais eficientes, surtido o efeito desejado, se, por trás das medidas, tivesse um governo que apoiasse o uso de máscara, incentivasse o isolamento, a não aglomeração.

Se não tivesse negado a gravidade da situação, se tivesse tratado o problema com a seriedade que ele exigia, o governo federal não teria sabotado as próprias medidas elogiáveis.

Habilitou milhares de leitos no Brasil, mas incentivava a aglomeração para lotá-los, como aconteceu.

Abastecia os estados de insumos, mas o presidente Bolsonaro juntava ministros em eventos, todos sem máscara; foi passear por Brasília sem respeito aos protocolos de segurança. Mau exemplo replicado aos milhões.

Enviou recursos para cidades enfrentarem a crise sanitária, mas demorou para comprar vacina.

Gastou dinheiro com cloroquina, mas não apostou em campanhas de conscientização sobre a importância do distanciamento social.

Ou seja, as boas ações, obrigações constitucionais, diga-se de passagem, foram eclipsadas pelo negacionismo.