Oposição na Paraíba tem bolsonaristas-raiz, moderados e críticos de algumas “posturas” de Bolsonaro

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES 

Oposição na Paraíba tem bolsonaristas-raiz, moderados e críticos de algumas "posturas" de Bolsonaro

Esta semana, políticos de oposição ao governo da Paraíba se juntaram. Criaram um fato político com alegação de que buscam a unidade com vistas à disputa do ano que vem.

O ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), afirmou que até o fim de julho o nome do pré-candidato ao governo será anunciado. Um forma de antecipar o debate, consolidar candidaturas e diminuir risco de pulverização dos oposicionistas, como aconteceu em 2018.

No bastidores, a indicação de Romero para encabeçar a chapa é dada como certa. Mas, a união do grupo não é perfeita e simples. Apesar da vontade de coesão, as formas de entender o governo federal, especialmente Bolsonaro, podem gerar algum ruído, interferência e obstáculos.

É que no grupo tem  bolsonaristas-raiz, bolsonaristas moderados e críticos de atitudes de Bolsonaro. Ou seja, para que haja convivência e o debate nacional não interfira fortemente nos posicionamentos locais, os integrantes do grupo vão ter que aceitar vários “olhares”, omissões, silenciamentos, críticas ou elogios incondicionais ao presidente.

Os deputados estaduais que são bolsonaristas-raiz, por exemplo, como Wallber Virgulino e Cabo Gilberto não poderão cobrar do parlamentar federal Pedro Cunha Lima (PSDB) que defenda Bolsonaro com a mesma “paixão”. Em vários pontos, Pedro é crítico de muitas atitudes do governo.  A mesma cobrança não poderá ser feita a Ruy Carneiro (PSDB) ou Leonardo Gadelha (PSC).

Por outro lado, podem fazer essa cobrança ao radialista Nilvan Ferreira, que assumiu o discurso e foi para o partido, o PTB, que avaliza a política e atuação do presidente.

Sérgio Queiroz, secretário de Modernização do Estado da presidência, está no grupo mais fiel, mas o tom “gourmetizado” o diferencia dos bolsonaristas-raiz, mais agressivo e briguento.

O próprio Romero, por exemplo, é um considerado um bolsonarista moderado. É amigo do presidente, defende projetos e ações do governo, mas não é uma defesa com argumentação radical. Quando enxerga “excessos”, encontra uma maneira de “racionalizar” o debate.

Os deputados estaduais Camila Toscano (PSDB), Tovar Correia Lima (PSD) também estão nesse grupo.  Aí estão alguns exemplos das diferenças.

Em resumo, eles têm dois adversários comuns: o governador João Azevêdo (Cidadania) e o ex-presidente Lula (PT).

No cenário estadual é fácil resolver, mas no palanque nacional, quem não pode ser chamado, ainda, de “bolsonarista” espera uma terceira via, de centro-direita (como o governador do Rio Grande do Sul), por exemplo.

Assim, mantém firme o posicionamento oposicionista a Azevêdo, mas  sem serem obrigados a assumir o lado bolsonarista da disputa. Em nome da coesão local, será preciso abstrair as “diferenças” nacionais.