Impeachment não interessa a Lira nem ao Centrão, mas o barulho e o governo fraco, sim

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES 

Impeachment não interessa a Lira nem ao Centrão, mas o barulho e o governo fraco, sim
Foto: Reprodução/ Redes Sociais

O impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não interessa ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Não interessa ao seu grupo, o Centrão. Quem quer Mourão na presidência? Deixar como está não traz mais frutos?

O grupo já tem o que quer: o presidente nas mãos, refém e acuado. Se não conseguir um revés na economia, vai ficar assim até 2022. Sangrando como está, o Centrão ganha. Tem uma arma pra negociar. Tem uma “clima de precipício” para administrar.

Sem muita margem de manobra, Bolsonaro conta com a aprovação de matérias que são de interesses comuns, na Câmara, como os acenos ao mercado, como a privatização da Eletrobrás. Ou o projeto do voto impresso, por exemplo.

Lira, com poder e voto de centenas de pares, passa os projetos de autoproteção da classe política. A “Lei da Impunidade” que o diga.

Fora do Congresso, a realidade é de inflação alta, desemprego em alta (quase 15%), governo paralisado, sem programas na Educação, na Habitação.

Dentro, o governo tem que responder por suspeitas de corrupção de integrantes próximos do Planalto, como o líder Ricardo Barros.

É tudo que um Congresso poderoso quer.

Muitos oposicionistas e ex-bolsonaristas também têm dúvidas se vale a pena um impeachment agora. Mas sabem que quanto mais barulho melhor.

Crime de responsabilidade tem, a rua já se movimenta, o governo não consegue demonstrar competência na gestão da pandemia, a CPI mói, as perspectivas de melhora são nebulosas. Mas alguns esperam que a zoada seja mais forte para tirá-lo ano que vem nas urnas, do que agora.

Vale repetir: quem quer Mourão na presidência? Porque como comentarista sem responsabilidades ele é uma simpatia. Mas, mandando, não deve ser tão amigável.

Os que querem a “queda”  agora tem medo do risco da “virada”. É que com população vacinada, a partir de outubro, e tempo para retomar a economia, Bolsonaro pode se empolgar.

De quebra, apresenta um novo programa social para substituir o Bolsa Família, inaugura obras paradas, pede mais tempo para governar o país, com a justificativa que a pandemia não deixou; estimula a polarização. Sem terceira via, pode receber nova chance.

Voltando a Lira, uma coisa é certa, enquanto tiver ganhando, o Centrão estará junto. O grupo não perde. Quando há sinal desse cenário, arruma as malas e se ajeita no lado vitorioso.