Protestos e polêmica em reunião

Parlamentares não se entendem sobre necessidade de quebra de sigilo da Delta.

Na reunião de ontem, o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) protestou: "A Delta é envolvida até o pescoço. Não vamos quebrar o sigilo da Delta?".

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) citou que o plano de trabalho da CPI deveria seguir a ordem das revelações já na imprensa. "O lógico seria iniciar com Cachoeira e seus associados na Delta, Cavendish, Abreu, Demóstenes e os governadores de Estado", disse.

O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) trocou farpas com o senador Pedro Taques (PDT-MT) e voltou a criticar a imprensa, chamando de "hipócrita" os que "fornecem informações por debaixo dos panos a alguns confrades".

Com maioria folgada na comissão, deputados e senadores governistas aprovaram o plano de trabalho de Cunha. Três senadores da oposição votaram contra. Eles defendem a ampliação das investigações iniciais aos demais diretores da Delta.

A CPI também aprovou as quebras dos sigilos fiscal, telefônico e bancário de Cachoeria. Outra decisão foi realizar sessão secreta para ouvir os procuradores e os delegados da Polícia Federal.

MENSALÃO
Collor, com o apoio de petistas e parlamentares aliados do governo, defenderam a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel –que se recusou hoje a comparecer à CPI.

A oposição acusa o PT de defender a convocação de Gurgel depois que o procurador defendeu no STF (Supremo Tribunal Federal) a condenação de 36 dos 38 réus do mensalão.

"Nós não podemos fragilizar o procurador-geral por causa do mensalão", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). O deputado Paulo Texeira (PT-SP), por sua vez, disse que jornalistas que segundo ele "foram cooptados pelo esquema Cachoeira" devem ser ouvidos.