No cargo, mas sem querer a reeleição

Prefeitos alegam crise e questões pessoais para abandonar o sonho da reeleição nos pequenos municípios. 

A crise econômica que assola os municípios provoca a desistência com vistas à reeleição de pelo menos seis prefeitos paraibanos, além de dois gestores que já renunciaram ao mandato e estão fora de uma nova disputa em 2016. A revelação é do presidente da Federação das Associações dos Municípios do Estado da Paraíba (Famup), Tota Guedes. Para ele, ser prefeito nesse período não tem futuro.

Guedes ressaltou que a recessão econômica atingiu em cheio os municípios e não há recursos para tocar as prefeituras. “Vários prefeitos já me confidenciaram que não vão disputar a reeleição. As despesas crescem a cada dia e as receitas estão caindo, principalmente o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Além disso, qualquer problema o gestor é processado”, afirmou o presidente da Famup.

Entre os prefeitos, ele citou Grigório de Almeida Souto (Olivedos), Luiz Aires (Cabaceiras), Damísio Mangueira (Triunfo), Elio Ribeiro de Morais (Santana dos Garrotes), Paulo Gomes (Areia) e Severina Ferreira Alves (Rio Tinto), mais conhecida como Dudu de Brizola.

Além da crise econômica, o prefeito de Areia, no Brejo, Paulo Gomes (PRB), disse que irá se dedicar a projetos pessoais e à família. “Sou comerciante, fui candidato para salvar o grupo, porque a cidade estava abandonada”, adiantou ele. Paulo Móveis é irmão do deputado estadual Tião Gomes (PSL).

O acúmulo de problemas financeiros e administrativos levou o prefeito de Santana dos Garrotes, no Sertão, a desistir da reeleição. Ele decidiu apoiar o nome de seu atual vice-prefeito, José Paulo Filho (PMDB), para sucedê-lo, tendo como vice Zezito Moraes (PT).

Dois prefeitos renunciaram aos mandatos. Em novembro de 2013, José Maria Filho, mais conhecido como Luceninha, abandonou a prefeitura de Cabedelo. Em maio deste ano, Carleusa Marques renunciou ao cargo em Juazeirinho.

Folga para os estudos e muito processo

Em Triunfo, no Sertão, o prefeito Damísio Mangueira da Silva (PMDB) disse que não vai disputar a reeleição. Em recente entrevista, justificou que pretende se dedicar à conclusão do curso de Direito. Damísio deverá apoiar o tio, Itamar Mangueira. 

Outro favor que pode ter influenciado na decisão de Damísio foi a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) por fraude em licitação. O prefeito e outros seis acusados pela Procuradoria da República poderão responder a ação penal por irregularidades na contratação de empresa para prestação de serviço de saneamento básico. A licitação questionada originou-se de convênio firmado entre o município de Triunfo e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a implantação de 65 módulos sanitários domiciliares. 

A assessoria jurídica da prefeitura informou que não houve nenhuma irregularidade. O projeto foi executado dentro das especificações técnicas e acompanhado pelos fiscais da Funasa.