Impasse no PMDB faz Dilma adiar anúncio da reforma ministerial

Partido não chega a consenso sobre indicações de nomes para cinco ministérios. Manoel Júnior é um dos apontados para a Saúde.

Sem conseguir resolver um impasse interno no PMDB pela indicação de ministérios, a presidente Dilma Rousseff adiou para a semana que vem o anúncio da nova configuração da Esplanada dos Ministérios. Mais cedo, a petista já havia informado ao vice-presidente Michel Temer que não divulgaria ontem as mudanças programadas na reforma administrativa. Dilma embarcou ontem para Nova York, a fim de participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em nota, a Secretaria da Comunicação Social ressaltou que a presidente tem tido "proveitoso diálogo com os partidos políticos" e que o objetivo é realizar uma reforma política "que a amplie a eficiência e a boa gestão dos recursos públicos".

"Alguns dos partidos que integram a base aliada solicitaram o adiamento do anúncio para que mais consultas possam ser realizadas", disse. O Palácio do Planalto tem encontrado dificuldades para acomodar os ministros aliados do vice-presidente. Para solucionar o impasse, a presidente considera abandonar a fusão entre Aviação Civil e Portos.

A ideia é manter Eliseu Padilha no primeiro ministérios e transferir para o segundo o ministro Helder Barbalho (Pesca), cuja pasta deve ser extinta na nova configuração ministerial. No início da semana, no entanto, a presidente havia oferecido o novo Ministério da Infraestrutura para a bancada do partido na Câmara dos Deputados.

A possibilidade da petista não fundir as pastas e entregar Aviação Civil e Portos para aliados do vice-presidente irritaram o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ).
Ele ameaçou, inclusive, retirar as indicações da bancada peemedebista para o Ministério da Saúde caso a presidente não volte atrás na decisão. Um dos cotados para a Saúde é o deputado federal Manoel Júnior (PMDB-PB).

Em um aceno ao mercado, a petista também deve manter ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento), indicado pelo PTB e que criticou recentemente as medidas do pacote fiscal que diminuem os repasses ao Sistema S e reduzem a alíquota de abatimento do Reintegra.

A pasta chegou a ser oferecida ao PMDB do Senado Federal, que a recusou e passou a reivindicar a Integração Nacional. Ela estuda também fundir as pastas do Trabalho, Previdência Social e Desenvolvimento Social e extinguir Micro e Pequenas Empresas. Em uma tentativa de estancar a crise política, a presidente prometeu entregar cinco ministérios ao PMDB, entre eles o da Saúde para garantir o apoio da sigla a seu governo.