Representantes de movimentos que foram às ruas tentam viabilizar candidaturas

Militantes a favor do impeachment da presidente querem se apresentar como alternativa para as eleições deste ano.

Representantes de movimentos que foram às ruas para pressionar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) estão deixando de lado o discurso de insatisfação com as atuais lideranças políticas para se apresentar como alternativa para as eleições municipais deste ano. Até então sem filiação partidária ou ligação direta com a política tradicional, os que planejam disputar uma vaga para vereador em outubro têm encontrado guarida em siglas com posicionamento mais conservador e direitista, como o PSDB, Partido Novo, DEM, PSD, PSC e PPS.

Uma das coordenadoras do movimento Direita Paraibana, Michelle Assis disse que diversos nomes acabaram despontando dentro do grupo, que reza por uma cartilha a qual defende propostas conservadoras principalmente as ligadas à família e preservação da vida e contra o aborto. Em linhas gerais, a pauta é idêntica ao do polêmico deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), apontado pelos movimentos conservadores como uma terceira via para a Presidência da República em 2018 ou no caso de haver novas eleições com a eventual cassação do mandato da presidente Dilma no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Ele é um representante real da direita, que nunca se corrompeu, nunca mudou suas posições políticas, não é um oportunista, uma pessoa que a gente acredita muito” , defende a estudante de Direito, Thamara Maria, que é uma das pré-candidatas dentro do movimento Direita Paraibana. Ela conta que se filiou ao PSC para seguir os passos do seu maior ídolo político, o deputado Jair Bolsonaro, que trocou o PP pelo Partido Social Cristão em março. Thamara Maria, inclusive, foi uma das que discursaram durante a passagem de Bolsonaro na Câmara Municipal de João Pessoa. “Estava sem expectativa de disputar eleição, mas como a legislação eleitoral mudou, então agora terei a oportunidade de me apresentar como candidata e defender meu posicionamento político ideológico”, afirma.

Thamara Maria defende que haja uma mudança sistemática, e os movimentos de direita têm se articulado para acabar com a política da esquerda, liderada pelo governo petista.

“Falando de forma bruta, uma limpeza na política mais profunda. Por isso me dispus a concorrer às eleições para vereador. Não é tão somente retirar quem detém o poder e é corrupto. É necessário substituí-los”, argumenta.

Outro representante do grupo a se apresentar como pré-candidato a vereador, aponta Michelle Assis, deve ser Danilo Medeiros. “Também estamos nos sentindo representados pelo coronel Kelson, que está no PSDB, mas negociando ida para o PSC", revelou.

Candidatos  pulverizados  em 23 estados

Ainda reticente quanto à participação em eleições tradicionais, um dos representantes do Movimento Brasil Livre (MBL) na Paraíba, Alisson Novais, disse que ainda não há definição sobre o lançamento de uma candidatura própria com o aval do grupo no Estado da Paraíba.

Em nível nacional, um dos formuladores do MBL, atualmente colunista da Folha, Kim Kataguiri declarou recentemente que eles devem lançar 123 candidatos em 23 estados com filiados ao PSDB, Partido Novo, DEM, PSD, PSC e PPS.

Alisson afirmou que o MBL está tentando a possibilidade de lançarem uma candidatura nata das ruas, mas o momento está muito difícil.

“Várias pessoas vieram me sugerir que eu me candidatasse, mas o problema é que combinamos desde o começo que não nos envolveríamos em política partidária. Seria uma quebra de discurso de minha parte agora me candidatar, porque combinamos isso desde o começo, além do que eu não quero. Sou um ativista”, disse.

Alisson Novais, no entanto, disse que nada impede que o MBL amadureça a ideia e venha a lançar alguém, que seja coerente com a pauta que o grupo pretende emplacar.