Maturéia é recordista de mulheres “voto zero” para vereadora no país

Das 12 candidatas a vereadora em Maturéia, 11 delas não tiveram o próprio voto sequer.  

Das 12 candidatas a vereadora no município de Maturéia, no Sertão, da Paraíba, 11 (92%) não tiveram o próprio voto sequer. Este percentual deixou a cidade como recordista de mulheres “voto zero” no Brasil, nas eleições de 2 de outubro. As nove cadeiras na Câmara vão ser ocupar por homens na próxima legislatura. 

Na lista, estão as candidatas Maria Ivineide (PTB), Luiza Marcela (PT), Patrícia Fernandes (PTB), Mércia Ramos (PSB), Cláudia Maia (PDT), Liêuda da Silva (PSB), Roberta Fernandes (PDT), Maria de Lourdes (PSB), Maria Lindano (PSD) e Milany Maria (PSDB). Já Vanessa Barbosa (PDT) recebeu apenas um um voto. Maturéia tem 2.413 (48,75%) de eleitores homens e 2.537 (51,25%) mulheres, totalizando 4.950.

O recorde de Maturéia foi apontado no levantamento feito pela TV Globo em parceria com a agência de dados Gênero e Número mostra que a cota de 30% fez o número de candidatas “voto zero” explodir. Eram pouco mais de 1.850 em 2008 e foram quase 14.500 nessas eleições. Isso dá 10% de todas as candidatas.

Entre os homens, apenas 0,6% ficaram sem votos. As mulheres são mais da metade da população brasileira, mas têm presença ainda muito pequena na política. Para mudar isso, uma lei de 2009 determinou uma cota mínima de 30% de mulheres candidatas nas eleições proporcionais.

A intenção era que os partidos convidassem lideranças femininas e preparassem as mulheres para concorrer para valer, só que muitas delas estão só cumprindo tabela, numa competição ainda dominada pelos homens.

Fraude

Dos 35 partidos, 33 têm candidatas com nenhum voto e a Justiça Eleitoral vê isso como um dos indícios de fraude. “A inexistência dos votos, a falta de abertura de conta, a prestação de contas de uma forma não muito confiável, poderemos chegar à conclusão de que houve na verdade só a indicação como laranja dessas candidatas”, disse Ana Paula Mantovani Siqueira, coordenadora nacional da Função Eleitoral.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Gilmar Mendes,  quer investir em campanha para mudar isso. " Independentemente de qualquer sanção, acho que todo engajamento, tanto da Justiça Eleitoral como dos partidos políticos, deve ser no sentido da mudança da cultura para que nós alcancemos, de fato, uma participação feminina marcante, efetiva, no processo eleitoral”, afirmou Gilmar Mendes..

Apesar de o Maranhão ser um dos campeões em candidatas sem voto, a pequena Senador La Rocque, no interior do estado virou o jogo. Tem hoje a Câmara mais feminina do Brasil, com sete mulheres e três homens. “Município tão pequeno, mas um município diferenciado ao restante do país”, disse o professor Valdinei Costa.