PF vê irregularidade nos contratos da chapa Dilma-Temer com gráficas

Segundo relatório, parte dos valores "não foi, de fato, direcionado a essa atividade". 

A Polícia Federal afirmou, em relatório, que encontrou irregularidades em pagamentos realizados a três gráficas na campanha eleitoral de 2014 da chapa Dilma-Temer. Segundo reportagem do G1, a polícia afirma que há elementos que permitem concluir que parte dos valores oficialmente apresentados como pagamentos às empresas "não foi, de fato, direcionado a essa atividade".

Segundo a PF, parte do dinheiro, declarado como verba de campanha, foi desviado para pessoas físicas e jurídicas "em benefício próprio ou de terceiros". O relatório da PF foi enviado para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no âmbito da ação que pede a cassação da chapa, que tem como relator o paraibano Herman Benjamin. 

As investigações tiveram início em dezembro, quando a polícia fez uma operação para investigar empresas contratadas na campanha eleitoral da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do presidente Michel Temer (PMDB).

Os agentes visitaram empresas subcontratadas por gráficas que, segundo as investigações já realizadas, não teriam prestado os serviços contratados. Os principais alvos foram, na ocasião, a Rede Seg Gráfica, VTPB Serviços Gráficos e a Focal Confecção e Comunicação. O objetivo era verificar se as empresas tinham capacidade operacional para entregar os produtos.

No relatório, a PF afirma ainda que há indícios de irregularidades não só na seara eleitoral, como também na criminal. A corporação diz que identificou elementos que apontam para a "interposição de pessoas com a finalidade de ocultar ou dissimular" a origem e a movimentação de verbas.

Ação tucana 

A ação no TSE, protocolado pelo PSDB logo após a eleição de 2014, alega abuso de poder político e econômico na disputa. A principal acusação é de que a campanha foi abastecida com dinheiro de propina desviado da Petrobras, suspeita negada pelas defesas de Dilma e Temer.

Na ação, o PSDB pede que, caso a chapa seja cassada, o TSE emposse como presidente e vice os senadores Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), derrotados na eleição presidencial. A tendência, porém, é que, em caso de condenação, o TSE convoque eleições indiretas, de modo que o Congresso escolha um novo presidente da República.

Não há data para a ação ser julgada. Relator do caso, o ministro Herman Benjamin será o primeiro a votar, entre os 7 ministros do TSE. Para a condenação, são necessários ao menos 4 votos favoráveis.