Muito triste, sob qualquer aspecto, a morte de Bruno Covas (Foto: reprodução), o prefeito de São Paulo, ocorrida neste domingo (16).
O avô de Bruno, o governador Mário Covas – grande quadro da política brasileira – teve que se afastar do cargo quando o câncer o impediu de trabalhar.
Morreu em 2001, poucos dias antes de completar 71anos.
Bruno morreu duas décadas mais tarde, poucos dias depois de completar 41 anos.
Como homens públicos, ambos tiveram admirável respeito pela população e nunca esconderam o mal que os consumia.
A morte de Bruno Covas joga algumas luzes sobre um tema importante da política brasileira: a escolha do vice.
Não é, necessariamente, pela questão da idade por quanto a morte é imprevisível.
A menos que o nome da cabeça da chapa seja o de um homem com quase 80 anos, como é o caso de Joe Biden. E como será o de Lula, que, se eleito em 2022, assumirá o governo já com 77 anos.
Em 2016, quando escolhido vice de João Doria na disputa da prefeitura de São Paulo, Bruno tinha somente 36 anos. Ninguém imaginava que um câncer provocaria a sua morte aos 41.
Muito embora a doença diagnosticada em 2019 pudesse ter levado Covas a não disputar a reeleição em 2020. Era o mais sensato. E teria permitido ao partido montar uma outra estratégia eleitoral.
Mas o problema maior é que a escolha do vice, no Brasil, geralmente não leva em conta a capacidade que, no impedimento do titular, o seu substituto terá ao assumir o cargo.
Esta escolha é conduzida por outros tipos de acordo. Até tempo no guia eleitoral conta.
Vou dar um exemplo concreto. Votei em Fernando Haddad no segundo turno da eleição presidencial de 2018.
Admiro Manuela d’Ávila, como um dos novos quadros da esquerda brasileira. Mas duvido que tivesse maturidade política para assumir a presidência no caso de um impedimento definitivo de Haddad.
“Você é um ingênuo, romântico, quando o assunto é política” – me disse um amigo com quem debati esse tema dias atrás, quando vimos a agonia final do prefeito Bruno Covas.
Ouvi serenamente a crítica.
Morto Bruno Covas, o prefeito de São Paulo, a maior cidade brasileira e uma das grandes cidades do mundo, se chama Ricardo Nunes.
Você o conhece?
