Quer dizer que vamos sair sem máscaras por aí? O que resta de democracia no Brasil precisa calar Bolsonaro

Quer dizer que vamos sair sem máscaras por aí? O que resta de democracia no Brasil precisa calar Bolsonaro

“O presidente é louco, e o Brasil não é um hospício”.

Essa frase, ouvi na Globo, em 1992.

Era o grande Dr. Ulysses Guimarães falando de Fernando Collor a caminho de ser defenestrado da presidência.

Lembrei da frase nesta quinta-feira (10).

Vi/ouvi, incrédulo, o presidente Jair Bolsonaro defender que os imunizados (sou um deles) e os que já foram infectados pelo coronavírus não usem máscaras.

E mais: anunciar que o ministro da Saúde está preparando um documento para fazer a liberação.

Em tom de brincadeira, mas que, no fundo, não é brincadeira, o presidente ainda tratou Marcelo Queiroga como “um tal Queiroga”.

O número de imunizados no Brasil ainda é muito pequeno. É preciso vacinar muito mais – Marcelo Queiroga sabe disso bem mais do que eu e você – para que tenhamos uma certa segurança.

O presidente eleito por quase 58 milhões de brasileiros joga aberta e ostensivamente contra a ciência, contra as orientações dos infectologistas, e nós acompanhamos cotidianamente esse show de perversidade.

Foi o que vimos nessa fala de Bolsonaro.

E Marcelo Queiroga, respeitado como bom cardiologista que é, se submete a esse tipo de humilhação.

Sim. Porque é isso que o presidente Bolsonaro faz com seus subordinados. Ele adora desautorizá-los em público.

Fez com tantos outros.

Fez agora com Marcelo Queiroga.

Eu, que tomei as duas doses da vacina, e você, que sobreviveu à Covid-19, fazemos o quê?

Saímos por aí, leves, soltos e desmascarados?

Marcelo Queiroga, que é muito pequeno no meio desse jogo, devia voltar pra casa.

E o que resta da democracia brasileira devia calar Bolsonaro.

Atualizada, talvez a frase do Dr. Ulysses ficasse assim:

“O presidente é louco, e o Brasil virou um hospício”.