Por que as feministas se calam diante das inaceitáveis agressões do presidente à repórter Laurene Santos?

Por que as feministas se calam diante das inaceitáveis agressões do presidente à repórter Laurene Santos?

Há dois dias, uma repórter da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, foi agredida verbalmente pelo presidente Jair Bolsonaro durante uma entrevista.

A repórter que o presidente agrediu é essa da fotografia com que abro a coluna desta quarta-feira (23).

Laurene Santos, de 27 anos, é o seu nome.

As frases que o presidente dirigiu a ela são essas que já publiquei aqui na coluna e posto mais uma vez:

“ESSA GLOBO É UMA MERDA DE IMPRENSA”.

“VOCÊS SÃO UMA PORCARIA DE IMPRENSA”.

“VOCÊS SÃO UNS CANALHAS”. 

“VOCÊS FAZEM UM JORNALISMO CANALHA”.

“VOCÊS NÃO PRESTAM”. 

“A REDE GLOBO NÃO PRESTA”. 

“VOCÊ TINHA QUE TER VERGONHA NA CARA EM SE PRESTAR A UM SERVIÇO PORCO QUE VOCÊ FAZ COMO ESSE NA GLOBO”.

Volto hoje ao tema porque algo me intrigou: não vi feministas nem grupos feministas prestando solidariedade a Laurene.

Pelo contrário, li um artigo em que o autor do texto fazia um tremendo malabarismo para explicar que, pior que Bolsonaro, é a Globo, para a qual Laurene trabalha.

Posso concluir, então, que isso não faz Laurene merecedora de solidariedade?

O que o presidente da República fez com essa mulher – ele, na condição de presidente. Ela, na de repórter – foi muito grave, inaceitável, absolutamente incompatível com o cargo para o qual foi eleito por quase 58 milhões de brasileiros.

Nós já vimos o então deputado federal Jair Bolsonaro agredindo verbalmente uma mulher de modo inadmissível. Refiro-me ao episódio com a deputada Maria do Rosário.

Nós já vimos o deputado federal Jair Bolsonaro agredindo verbalmente Preta Gil. Lembram? Eu lembro. Está guardado na minha memória.

Laurene Santos foi agredida verbalmente pelo presidente como mulher e como trabalhadora, no momento em que, dignamente, fazia o seu trabalho.

Por que o silêncio das feministas em relação a Laurene e ao episódio?

Estou perguntando. Não cabe a mim a resposta.

Mas gostaria imensamente de ouvi-la.

Ou juntamos os pedaços ou não tiraremos Bolsonaro do poder em 2022.