POLÍTICA
Cabos eleitorais em alta
De um lado os pré-candidatos à Câmara e à prefeitura municipal, do outro, as lideranças comunitárias de bairros da capital articulam as estratégias que podem definir os nomes dos candidato.
Publicado em 18/03/2012 às 8:00
A campanha eleitoral para o pleito de 2012 ainda não começou oficialmente, mas a disputa voto a voto vem sendo articulada nos bastidores da política em João Pessoa. De um lado os pré-candidatos à Câmara e à prefeitura municipal, do outro, as lideranças comunitárias dos mais de 63 bairros da capital articulam as estratégias que podem definir quais os nomes que irão representar a cidade pelos próximos quatro anos. Cada liderança é um cabo eleitoral em potencial.
Os encontros são extraoficiais, normalmente articulados pelas assessorias dos pré-candidatos, mas visam aproximar as lideranças e, por consequência, as entidades que elas representam, dos nomes cotados para disputar as vagas de vereador e de chefe do Executivo pessoense. No foco da ação, associações de bairro, centros comunitários, conselhos, representações religiosas e demais entidades que podem exercer alguma influência na localidade onde estão instaladas ou mesmo em determinados grupos.
Em bairros como Mangabeira, por exemplo, essa aproximação é vital para a sobrevivência de candidaturas, principalmente ao Legislativo, onde um voto pode significar a derrota ou a vitória nas urnas. No local, vivem cerca de 76 mil pessoas (mais de 10% da população da cidade), segundo dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2011. O índice é usado como justificativa para a quantidade de entidades representativas encontradas na região, mais de trinta, conforme cálculos das próprias lideranças.
“Sempre fiz parte da associação, por gostar do trabalho comunitário”, declara o integrante da Associação de Moradores do Prosind, Wallace Albuquerque. Ele revela que vem sendo assediado por vários políticos, mas ainda não teria definido um apoio para as eleições deste ano. “Recebi muitos convites para aderir a candidatos, mas ainda não defini porque quero que o político trabalhe comigo e com a coletividade. Ele vai ter que assumir um compromisso por quatro anos e não de quatro em quatro anos”, garante.
Wallace prefere não citar os nomes, mas conta que a maioria dos políticos que ele teria ajudado a eleger nos últimos 25 anos (quando iniciou a participação na associação) teria ignorado as necessidades da comunidade logo após assumir o cargo. “Sou procurado de vereador a governador, mas a maioria dos políticos que ajudei a eleger me virou as costas depois de eleita”, lamenta.
Essa também é a queixa da psicopedagoga Abimadade Vieira, presidente do Conselho de Segurança da Região de Mangabeira.
“Moro em Mangabeira há quase 30 anos, sendo vinte deles na luta junto com a comunidade. No começo, nós sofremos muito por não saber fazer a diferença entre os políticos interessados em ajudar e os oportunistas. O político vinha com o sorriso, o tapinha nas costas, e a gente sofria depois”, avalia. Após várias decepções, Abimadade diz que hoje está mais madura na liderança comunitária e aprendeu a votar. “Os mais sérios têm propostas para contribuir com o bairro, enquanto outros prometem ajudas financeiras”.
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