Câmara Federal instala CPI da Violência em João Pessoa

É com a pauta da segurança pública dando o tom dos debates da oposição na Paraíba que a Câmara dos Deputados instala hoje, em João Pessoa, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a violência, morte e desaparecimento de jovens negros e pobres no Brasil. A audiência pública será realizada no auditório da Fecomércio, no Centro, às 14h, e deve reunir diversas autoridades, entre elas os responsáveis pela área no Estado, o governador Ricardo Coutinho (PSB) e o secretário de Segurança, Cláudio Lima.

Antes, os integrantes da Comissão vão colher depoimentos de familiares de vítimas da violência e representantes de movimentos sociais da comunidade Marco Moura, no Bairro do Tibiri II, município de Santa Rita, que é considerada pelo movimento negro na Paraíba a localidade onde, nos últimos três anos, ouve o maior número de casos de violência contra jovens negros e pobres no Estado.

A realização da CPI da Violência na Paraíba foi articulada pelo deputado Luiz Couto (PT). Ele destaca que no Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial, o Estado tem o maior risco relativo aos jovens negros. Segundo ele, na Paraíba, um jovem negro tem 13,4 vezes mais chance de ser assassinado do que um jovem branco.

Correligionários de Luiz Couto, os deputados Frei Anastácio (PT) e Anísio Maia (PT) têm batido constantemente na questão da violência em seus pronunciamentos na Assembleia Legislativa. Eles também devem participar da audiência. A estratégia é cobrar ações diretas do governo estadual, políticas públicas que revertam o quadro da violência no Estado.

Além de outras denúncias, Anastácio trouxe ontem a situação da população de Mogeiro, que tem sofrido com assaltos a comerciantes, explosão de caixas de bancos e roubo de motos. Já Anísio Maia tem promovido debates sobre violência.

Para o líder da oposição na Assembleia, Dinaldinho Wanderley (PSDB), a CPI será uma ótima oportunidade para discutir o tema violência conjuntamente com o governador Ricardo Coutinho. O parlamentar, que tem um requerimento aprovado desde fevereiro para a realização de uma sessão especial sobre o tema, disse que é preciso pressionar por soluções. “Temos a promessa da Mesa Diretora para que seja realizada no fim de julho ou começo de agosto. O que não pode é o governo ficar maquiando os números, fingindo que está tudo bem, e jogando para o governo federal a responsabilidade”, ressaltou.