MPF investiga denúncia de tratamento diferenciado a médicos na vacinação contra a covid-19 em João Pessoa

Por ANGÉLICA NUNES e LAERTE CERQUEIRA

MPF investiga denúncia de tratamento diferenciado a médicos na vacinação contra a covid-19 em João Pessoa
Foto: Dayse Euzébio/Secom-JP

O Conselho Regional de Farmácia da Paraíba (CRF-PB) denunciou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de João Pessoa ao Ministério Público federal (MPF) por suposto tratamento privilegiado dado aos médicos com mais de 60 anos. O CRF alega que eles seriam imunizados na sede do seu conselho de classe e em prazo estendido em relação ao definido para o restante do público-alvo da campanha de vacinação, oportunidade que não teria sido dada aos demais profissionais de saúde.

Procurados pelo coordenador do Grupo de Trabalho do MPF, encabeçado pelo procurador Guilherme Ferraz, para explicar se houve tratamento diferenciado ao CRM e se fora ofertada a mesma possibilidade para outros segmentos de trabalhadores da saúde, o procurador-geral do município, Bruno Nóbrega, teria informado que sim. O CRF, no entanto, nega que tinha sido contatada por alguma autoridade estadual ou municipal.

Diante dessas informações, foi sugerido ao Coordenador do MPF que se promovesse diálogo com o Município para esclarecer o ocorrido e, se fosse o caso, que se documentasse a consulta aos demais conselhos para saber se teriam interesse no referido serviço de drive thru específico. No entanto, a SMS informou, na sequência, que decidiu espontaneamente pelo cancelamento da oferta do referido serviço exclusivo no CRM.

O MPF deu prazo de 48 horas para que a SMS informe se ainda há alguma programação em curso para oferta desses serviços exclusivos para algum dos Conselhos Profissionais e quais os fundamentos adotados e critérios estabelecidos para tanto.

Ao Conversa Política, o procurador-geral do município, Bruno Nóbrega, explicou que o CRM fez o pleito e queria disponibilizar as instalações para ofertar o serviço aos médicos e entrou em contato com outros conselhos, porém eles não tinham o mesmo espaço. “O CRM fez a divulgação, mas teve o questionamento do outro conselho que informou diretamente o MP, mas se ele tivesse entrado em contato com a Secretaria de saúde também seria disponibilizada a vacinação. Para evitar qualquer questionamento de tentativa de benefício, secretário determinou o cancelamento”, afirmou.