“Autonomia” de Marcelo Queiroga será questionada em novo depoimento à CPI da Covid-19

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES

"Autonomia" de Marcelo Queiroga será questionada em novo depoimento à CPI da Covid-19
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

A autonomia do paraibano Marcelo Queiroga, à frente do ministro da Saúde, será questionada nesta terça-feira (08), em novo depoimento à CPI da Pandemia.

Essa será a segunda vez que Queiroga fala à Comissão. O depoimento está marcado para às 9h, no Senado.

Entre os assuntos que serão abordados estão a suposta omissão ou subserviência dele na decisão do governo Bolsonaro em sediar a Copa América; e o desligamento, rápido e sumário, da infectologista Luana Araújo, anunciada, por ele, com toda pompa e elogios menos de 10 dias antes da saída dela.

No caso da Copa América, senadores criticaram a decisão de o país receber o evento, que começa dia 13 e dura 1 mês, diante de uma iminente terceira onda de Covid-19 e após a Argentina desistir de sediar o torneio.

“Esse episódio da Copa América, em que ele se calou como Ministro da Saúde e preferiu ser ministro do silêncio, demonstrou, de uma outra forma, que a autonomia realmente não existe”, afirmou Renan Calheiros, relator da CPI.

Demissão de Luana 

No depoimento à CPI, a médica afirmou que não recebeu justificativa pela desistência de sua contratação como secretária extraordinária.

Em uma audiência na Câmara dos Deputados no dia 26 de maio, 20 dias depois de prestar depoimento na CPI da Pandemia, Queiroga afirmou que Luana Araújo era uma “pessoa qualificada”, e que tinha as condições técnicas para exercer “qualquer função pública”, mas que não foi nomeada porque, além de “validação da técnica”, era necessário “validação política”.

Por isso, parlamentares esperam que o ministro responda sobre a sua real autonomia nesse retorno à CPI.

Gabinete paralelo

Os senadores de oposição querem, na verdade, mais um elemento para fortalecer a ideia de que havia um gabinete paralelo da Saúde, que tomava decisões, ou influenciava diretamente na política de Saúde do governo na pandemia.

“Existe um gabinete negacionista, um grupo que continua impedindo que os melhores quadros da ciência brasileira possam contribuir no enfrentamento à pandemia”, apontou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Governistas

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) vê um “ato político” na segunda convocação de Marcelo Queiroga. Ele lamentou que o ministro tenha que interromper suas atividades à frente da pasta para voltar à CPI.

“O que se vê são teorias. Todos ali conhecem como funciona a administração em relação a nomeações. O ato administrativo é discricionário. Não há nenhum elemento novo no sentido de condenar o governo”, afirmou.

Contradições no primeiro depoimento

O retorno de Queiroga já havia sido aprovado antes mesmo do anúncio da Copa América e do depoimento de Luana Araújo. Para Humberto Costa (PT-PE) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), autores de outros requerimentos, o primeiro depoimento de Marcelo Queiroga foi contraditório.

“O depoimento foi contraditório em diversos aspectos. Um deles diz respeito à afirmação de que, na gestão dele, não há promoção do uso da hidroxocloriquina para tratamento da covid. Todavia, o ministro, até o presente momento, não revogou a portaria do Ministério da Saúde que prescreve o uso da medicação”, aponta o senador por Pernambuco no pedido aprovado no dia 26 de maio.

Com informações da Agência Senado