Queiroga tirou ‘corpo fora’, mas acabou tendo de lidar com escândalo da Covaxin

Por ANGÉLICA NUNES e LAERTE CERQUEIRA

Queiroga tirou 'corpo fora', mas acabou tendo de lidar com escândalo da Covaxin
Foto: divulgação/Agência Senado

O paraibano Marcelo Queiroga bem que tentou se manter fora da polêmica em torno da compra da vacina indiana Covaxin pelo governo Bolsonaro. Em passagem pela Paraíba no fim de semana, conseguiu sair pela tangente, evitou o desgaste com o grupo que o tornou Ministro da Saúde. Mas ontem (29) acabou sendo forçado a recuar.

Mesmo mantendo a negativa de irregularidade, para não comprometer o governo, Marcelo Queiroga determinou a suspensão temporária do contrato com a Precisa Medicamentos, a pedido da Controladoria Geral da União.

A empresa, que intermedeia no Brasil o contrato com a Bharat Biotech, teria ligações suspeitas com o atual líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros. O escândalo veio à tona na semana passada após denúncia do deputado Luiz Miranda, que afirma ter alertado o presidente sobre o preço superfaturado do contrato.

As negociações aconteceram quando Queiroga ainda não tinha formalmente assumido o comando do Ministério da Saúde. Segundo Miranda, o encontro aconteceu no dia 20 de março. Nesse período, o paraibano já tinha sido indicado, mas só ‘pegou na caneta’ a partir do dia 23 de março. Ainda assim tem sido cobrado.

Ele, no entanto, tem se prendido ao fato da possíveis negociatas terem sido realizadas no período em Pazuello estava na pasta. O malabarismo é para evitar o confronto direto com a imprensa. Assim, tem desenvolvido uma habilidade política para além da sua vocação como médico e gestor.

Difícil é saber quanto tempo ele aguenta às pressões. Tem pela frente a CPI da Covid sendo prorrogada no Senado por mais 90 dias e que enfrentar as denúncias de irregularidades nas negociações da CanSino, esta com a sua participação direta já como ministro, sobre a cobrança de propina de um dólar para cada dose da AstraZeneca.

Novos capítulos para ele administrar. Resta saber se ele vai “seguir o mestre” e também dizer que nada sabia.