Vacinação não é corrida e municípios devem guardar doses para reforço de idosos e imunossuprimidos

Por ANGÉLICA NUNES e LAERTE CERQUEIRA

Vacinação não é corrida e municípios devem guardar doses para reforço de idosos e imunossuprimidos
Foto: Rodrigo Nunes/MS

O Ministério da Saúde orientou que municípios paraibanos não avancem na vacinação contra Covid-19 de adolescentes sem comorbidades sem que sejam enviadas as doses específicas para este grupo. A preocupação é que faltem doses para iniciar a nova fase da campanha, com aplicação de doses de reforço em pessoas acima de 70 anos que receberam a segunda dose há mais de seis meses, e imunossuprimidos após 28 dias da d2 ou dose única da Janssen, como foi anunciado ontem (25) pelo ministro Marcelo Queiroga.

O assunto virou a nova preocupação do MPF, que tem alerta que a imunização contra a covid-19 não pode ser uma competição entre estados e municípios, com cada um querendo avançar mais rápido que os demais. Devem ser respeitadas as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações, para que todos avancem de modo equitativo em prol da segurança sanitária geral.

O assunto foi debatido numa reunião da secretária nacional de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo,com membros do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público da Paraíba (MP/PB), do MPF na Paraíba, no Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Pará, além de integrantes da Secretaria de Estado da Saúde (SES-PB).

Segundo Rossana, embora estados e municípios tenham sua autonomia, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) deve ser respeitado, sob pena de risco de insuficiência de doses para grupos mais vulneráveis e para a efetividade da campanha de vacinação em curso.

A  vacinação de adolescentes foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para adolescentes com comorbidades. Com isso, algumas prefeituras decidiram avançar com a imunização, inclusive para adolescentes sem comorbidades.

Sobras distribuídas

A secretária esclareceu que se há sobra de vacinas em algum município, a autoridade estadual poderia gerenciar a distribuição equitativa de doses entre municípios, mediante deliberação na comissão intergestores bipartite (CIB).
Alertou que, conforme dados do Ministério da Saúde, ainda há cerca de 500 mil pessoas na Paraíba ainda sem primeira dose de vacinas.

As representantes da SES-PB informaram que de fato há uma minoria de municípios ainda atendendo faixas etárias superiores a 18 anos (até mesmo maiores de 25 anos), no entanto todos eles receberam remessas conforme estimativa populacional do seu público e orientações do ministério em prol de maior equidade.

A secretária executiva da SES-PB comprometeu-se a levar o tema para a próxima deliberação da CIB, para adequação da estratégia no estado às novas orientações do Ministério da Saúde, tão logo editadas as pertinentes notas técnicas.