Cássio usa habilidade política para “afagar” aliados e Pedro admite pouco carisma

Na convenção do PSDB, neste domingo (31), alguns episódios e falas que saíram do roteiro original trouxeram traços importantes no desenho da candidatura de Pedro Cunha Lima ao governo da Paraíba. 

As convenções partidárias são sempre um momento eleitoral que mostra um pouco do perfil da candidato e de como ele se colocará na disputa. Estão nela, os personagens e seus “papeis” no processo.

Na convenção do PSDB, neste domingo (31), alguns episódios e falas que saíram do roteiro original trouxeram traços importantes no desenho da candidatura de Pedro Cunha Lima ao governo da Paraíba.

Entre esses momentos, está o que o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, declarou que vai apoiar Efraim (UB) ao Senado e, por consequência, retirará o apoio a Bruno Roberto (PL).

Teve ainda a passagem meteórica de Damião Feliciano, pré-candidato a federal pelo União Brasil. 

Mas, destacamos aqui, o papel do ex-senador e ex-governador Cássio Cunha Lima naquele momento.

Cássio

Discreto e atento, tentou não ofuscar o protagonismo do filho. Porém, por necessidade política, recorreu ao improviso ao perceber um erro que seria cometido: não havia sido reservado (pelo menos pareceu) um tempo para que aliados do projeto falassem.

Cássio, então, mesmo após o discurso de Pedro, tomou o microfone e, sem cerimônia, começou a chamar, um por um. Um “afogo” importante numa disputa eleitoral.

Rubens, Rubens (locutor oficial), eu vou ter o prazer de encerrar esta convenção, sei que está tarde, todo mundo  cansado, a última fala será minha, mas vamos pedir a todos os oradores que começarão agora falas breves, afirmou.

Com “orgulho, gratidão”, ele convidou para falar, por exemplo, Julian Lemos (UB), Ruy Carneiro (PSC), Edna Henrique (Republicanos), Leo Gadelha (PSC), Camila Toscano e Tovar Correia Lima (ambos do PSDB).

Ninguém “morreria” se não discursasse, mas o gesto foi de quem conhece os melindres da política e a necessidade de levá-los em conta numa hora como aquela, de declaração explícita de apoio, confiança e de distribuição de elogios.

Cássio mostrou que estará nas coxias do espetáculo, mas jogará a corda quando alguém for cair, principalmente o filho. No discurso final, deu o tom:

Não estamos apenas de uma eleições, estamos diante de uma transformação geracional, sim, chega, ao comando da política da Paraíba, uma nova geração!”, afirmou.

Pedro admite pouco carisma e destaca coragem  

No discurso, além de destacar que vai priorizar a educação, combater os privilégios, e que vai ser corajoso para fazer mudanças, Pedro fez um confissão: disse ter pouco carisma.

Pediu desculpa pelo jeito, que é materializado, de acordo com ele, pela timidez. Por muitas vezes, segundo o candidato, pode passar pelas pessoas e não falar. Já pediu desculpas antecipadas.

Eu não sou a pessoa mais carismática, eu me esforço bastante (…) talvez vocês tenham passado por mim e, por uma timidez, eu não tenha falado com você. Não é maldade, é a minha natureza (…) Mas eu gosto de ter coragem para enfrentar o que está errado, pode me chamar”, admitiu.

O que se viu foi um Pedro abrindo o jogo para evitar mais uma comparação com o pai que, inevitavelmente, está sendo feita e será feita ao longo da campanha ao governo.

É que Cássio, com carisma singular, arrastava multidões. Não falou do pai explicitamente, mas não houve quem não lembrasse de Cássio em seu período de grande popularidade.

Para compensar, registrou que não lhe falta coragem para fazer mudanças, foco da campanha.

O candidato disse querer fazer diferente. Colocar “fogo” no que ninguém mexe, com teimosia, em estruturas e privilégios que condena. Uma forma de imprimir uma personalidade própria na disputa.

Cássio será o bombeiro para apagar os incêndios na hora e locais errados. Se a estratégia vai dar certo, saberemos ao longo da disputa.