CONVERSA POLÍTICA
Opinião: as impressões deixadas pelos últimos movimentos políticos das eleições na Paraíba
O processo de formação de chapa tem tido um movimento atípico de antecipação.
Publicado em 30/03/2022 às 21:53 | Atualizado em 30/03/2022 às 22:38
Em um dos últimos textos, registramos que a menos de dois dias do fechamento da “janela partidária” e a pouco mais de seis meses da eleição, o cenário é de lideranças políticas, pré-candidatos ao governo, na corda bamba e parlamentares num cenário de salve-se quem puder.
Lembramos ainda que mais do que nunca, os “arranjos” políticos para as eleições deste ano estão confusas e se têm deixado políticos profissionais atônitos, imagina como está o eleitor que fica sabendo só dos “golpes finais”?
Feito esse registro, vale destacar algumas impressões que os últimos fatos políticos deixaram sobre protagonistas das eleições deste ano. A saber:
João Azevêdo (PSB)
A impressão é que o governador perdeu o 'time' da negociação para manter a base mais unida e menos heterogênea. Como consequência, perdeu o deputado Efraim Filho (União Brasil), que a há mais de um ano pressionava, sem titubeios, por espaço. Fecha essa fase sob pressão do deputado federal Aguinaldo Ribeiro (Progressistas), que quer um apoio integral governista e nada de salada mista.
Para ele, não adianta governador sem aliados. Em especial, nomes de proa de partidos como o Republicanos. E o pior, peças, que são chave da base, já empenharam apoio ao adversário dos Ribeiro.
Pedro Cunha Lima (PSDB)
Ganhou apoio de integrantes do Republicanos, como a deputada federal licenciada Edna Henrique, mas perdeu o PSD, que estava com Romero (ex-prefeito de Campina) e o pior, será candidato por um partido que entra na eleição com uma proporcional fragilizada.
O PSDB não atraiu nomes de peso e ainda perdeu “os seus”, a própria Edna e Ruy Carneiro. Este último, em um movimento estranho: deixou um partido nacionalmente grande para um nacional e localmente pequeno, o PSC. Segundo ele, foi para fortalecer o grupo. Mas o principal partido do grupo, o PSDB, não tem puxador de voto.
Ou seja, Pedro perdeu.
Veneziano (MDB)
Rompeu com o governo. Tenta ensaiar um discurso convincente e espera com os dedos cruzados o apoio explícito de Lula. Pode ter um PT, formalmente, na base da sua candidatura, mas uma parte significativa da legenda vai fazer campanha ou votar em João Azevêdo.
Para completar, tem um candidato ao Senado que vai entrar na justiça com uma candidatura subjudice, o pré-candidato ao Senado Ricardo Coutinho (PT). Sem falar que os partidos que poderiam estar juntos, estão com João, como o PC do B.
Nilvan (PTB)
Observa e espera que a divisão das oposições seja suficiente para sobressair o espírito da polarização. Ele seria o representante “original” do bolsonarismo. Mas não tem apoio entusiasmado de parlamentares bolsonaristas do estado, como Wallber Virgulino e Cabo Gilberto.
Pode perder o PTB e se filiar ao PL para ir para disputa numa chapa puro sangue. Nilvan aposta tudo no aval de Bolsonaro e seus 20% dos apaixonados. Um grupo que não tem meio termo: se tiver com Bolsonaro, vai até o fim. Basta o presidente avalizar.
Vai para o risco e lutar por um segundo turno e zerar o jogo. Confia que João Pessoa pode ser o diferencial e espera que Wellington Roberto (deputado federal) faça sua parte no interior, com os prefeitos.
Cícero Lucena
Para finalizar essa rodada, Cícero Lucena. Precisa de uma vitória do governador. É que os mesmos adversários de Azevêdo são os dele em 2024.
A vitória de uma dos “inimigos” é o fortalecimento da oposição à reeleição daqui a dois anos. Para completar, luta para ver Aguinaldo como candidato ao Senado na chapa de João, mas vê a irmã do pré-candidato, Daniella Ribeiro, dizer que não é da base e, em alguns momentos, parece até que está disposta a fazer oposição.
Para Cícero o cenário ideal é João vitorioso. Qualquer resultado diferente, pode dificultar lá na frente, mesmo com o filho, Mercinho Lucena, eleito federal
Por enquanto, bom, bom, mesmo, não está para ninguém. Vamos esperar.
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