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POLÍTICA

Cunha diz que não indicou um "alfinete" para o governo de Michel Temer

Presidente afastado da Câmara é apontado como o dedo por trás das indicações de vários nomes para a montagem do governo interino.

Publicado em 19/05/2016 às 19:32

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira (19), durante seu depoimento no Conselho de Ética, que não indicou “um alfinete” para o governo do presidente interino Michel Temer.

“Se achar que devo fazer gestão por quem quer que seja, eu faria, mas não o fiz. Não tem um alfinete nesse governo indicado por Eduardo Cunha”, afirmou.

Cunha rebateu o líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), que criticou a influência de Cunha na Câmara e na montagem do governo Temer. O deputado é apontado como o dedo por trás das indicações de Alexandre de Moraes (ministro da Justiça), do advogado Gustavo do Vale Rocha (subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil) e Carlos Henrique Sobral (chefe de gabinete da Secretaria de Governo, ocupada por Gedel Vireira Lima).

Sobral foi assessor de Cunha na presidência da Câmara. Cunha também é apontado como responsável pela indicação do líder do governo, André Moura (PSC-SE).

Molon lembrou o argumento usado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para afastar Cunha por entender que ele usava o cargo para atrapalhar as investigações da Operação Lavas Jato. Em sua decisão, o ministro Teori Zavascki argumentou que a permanência de Cunha na presidência da Câmara “é um pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele liderada."

Aos deputados, Molon questionou se a decisão teria conseguido, de fato, afastar a interferência de Cunha na Câmara. “O que tenho visto é que a influência dele talvez não tenha cessado. Cargos importantes têm sido ocupados pela força do poder do deputado Eduardo Cunha. Será que ele vai continuar agindo e operando para que sua força política continue prevalecendo na Casa e no governo federal?”

Em resposta, Cunha disse que as pessoas indicadas são de sua convivência e que a maioria é integrante ou próxima do PMDB. “Se os correligionários - com os quais tenho convivência - ocupam postos não quer dizer que foi Eduardo Cunha quem indicou e se indicasse não teria nenhum delito”, afirmou.

Cunha acusou Molon de tratar seus aliados como “capachos”. "Não é porque qualquer um nesta Casa ocupe qualquer posto que passa a ser manobra minha ou que são meus capachos”, acrescentou. “Vossa excelência não tem o direito de dizer o que penso”, rebateu Molon.

Alessandro Molon criticou o fato de Cunha ter dito que o processo de cassação é fruto de “perseguição política”. O deputado lembrou que, tanto a denúncia contra Cunha quanto o afastamento dele das funções de parlamentar, foram acatadas pela unanimidade do STF.

“O processo dele é o mais longo da Câmara e ele [Cunha] diz que não houve manobra [para atrasar o processo]. O procurador-geral da República [Rodrigo Janot] elencou uma série de manobras que foram reconhecidas pelo ministro Teori [Zavascki] e confirmadas no afastamento dele também por 11 a zero”, destacou o deputado.

Molon reconheceu a dificuldade do Conselho de Ética em concluir pela cassação de Cunha, devido a um “um arcabouço jurídico para dar uma explicação que, de fato, desvie dele [a titularidade das contas no exterior].

A defesa de Cunha tem usado a estratégia de negar que o deputado seja o titular das contas descobertas durante as investigações da Lava Jato. “O banco suíço não acreditou nessa história; o Banco Central brasileiro também não acreditou; O Ministério Público da Suíça não acreditou, assim como o Ministério Público do Brasil. O STF não está acreditando nessa história... Resta saber se apenas o Conselho de Ética vai acreditar na história”, concluiu Molon.

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Jornal da Paraíba

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