POLÍTICA
'Lava Jato': cerco a Lula se fecha ainda mais
Segundo eles, o ex-presidente ainda tem respaldo da militância do PT e de diversos movimentos sociais, que iriam às ruas para defendê-lo caso isso acontecesse.
Publicado em 28/01/2016 às 7:28
Auxiliares da presidente Dilma Rousseff avaliam que a nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem, tem o objetivo de "desgastar" a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no momento em que o governo está "fragilizado" e "tenta encontrar saídas" para a crise política e econômica do país.
Segundo a reportagem apurou, auxiliares de Dilma acreditam que "o cerco a Lula se fechou ainda mais" e isso é "preocupante" visto que o ex-presidente ainda é tido como o principal fiador do governo.
Apesar disso, a avaliação de ministros do núcleo mais próximo à presidente é que uma eventual prisão de Lula "não deve acontecer".
Segundo eles, o ex-presidente ainda tem respaldo da militância do PT e de diversos movimentos sociais, que iriam às ruas para defendê-lo caso isso acontecesse. Alguns, porém, não descartam que, caso o ex-presidente fique "totalmente desmoralizado", o cenário fique mais fácil para que ele seja preso.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o ex-presidente Lula reforçou no início do ano sua equipe de defesa com a contratação do criminalista Nilo Batista. Nas palavras de aliados, a contratação do advogado se deu porque Lula "tomou consciência de que algo mais grave poderia acontecer".
Ontem, foi deflagrada a 22ª fase da Lava Jato, operação que apura o esquema de corrupção na Petrobras, para investigar se a empreiteira OAS lavou dinheiro por meio de negócios imobiliários para favorecer o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde abril de 2015. Entre os imóveis investigados, está um triplex no Guarujá que foi reservado a Lula.
Aliados do ex-presidente fazem coro ao discurso de que a operação é "uma tentativa politizada" de "desgastar" e "desmerecer" a imagem de Lula. Segundo eles, o petista tinha uma cota da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), pensou em comprar o apartamento -a mulher de Lula, Marisa Leticia, chegou a reformar e decorar o imóvel-, mas o ex-presidente desistiu do negócio.
O condomínio Solaris, onde fica o triplex, teve a construção iniciada pela Bancoop, que foi presidida por Vaccari, mas, em crise financeira, a cooperativa transferiu o empreendimento para a OAS, em 2009.
Em dezembro de 2014, o ex-presidente cogitou, inclusive, desfazer-se do apartamento. Segundo interlocutores, as repercussões negativas das reportagens sobre o imóvel à época fizeram com que Lula reavaliasse a efetivação da compra do apartamento, que continuava em nome da OAS.
O ex-presidente tinha a opção de pedir o ressarcimento dos valores pago à Bancoop ou poderia ficar com o apartamento e registrá-lo em seu nome -o que não fez até hoje.
PRISÕES
Os três presos durante a 22ª fase da Operação Lava Jato foram levados da superintendência da Polícia Federal de São Paulo, na Zona Oeste, para Curitiba, no Paraná, onde estão concentradas as investigações.
Eles seguiram em duas caminhonetes: uma delas levou a publicitária Nelci Warken, que prestou serviços de marketing à Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários), e Ricardo Onório Neto, vinculado à empresa Mossack Fonseca, que abre offshores, com sede no Panamá.
No outro veículo, estava Renata Pereira Brito, também da Mossack. Além dos detidos, os veículos levaram documentos apreendidos para a investigação.
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