Sócio de empresa alvo da Polícia Federal é diretor-geral da Assembleia da Paraíba

Sócio mantém proximidade com presidente da Assembleia, Adriano Galdino, e recebe salário de R$ 23,1 mil

Sócio de empresa alvo da Polícia Federal é diretor-geral da Assembleia da Paraíba
Foto: reprodução

Na manhã da última terça-feira (24) uma equipe da Polícia Federal bateu à porta de uma casa na Rua Américo Pôrto, no bairro Lauritzen, em Campina Grande. Os policiais tinham em mãos um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça Eleitoral, a pedido do Ministério Público, em uma ação que apura o uso de recursos da prefeitura de Gado Bravo na campanha eleitoral da cidade.
O local é a sede da empresa Top Mídia Comunicação, que tem como proprietário majoritário Demétrio Costa Soares e, como sócio, o advogado Bruno Mouzinho Régis – presidente do Avante em Campina Grande.

Bruno detém uma cota de 30% do empreendimento e ocupa hoje um dos cargos mais importantes da administração da Assembleia Legislativa do Estado, o de diretor-geral.

Nomeado desde fevereiro de 2015, Bruno recebe em média um salário de R$ 23,1 mil por mês (valor bruto) – conforme o Sagres, do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
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Antes de assumir o cargo na Assembleia, ele foi servidor comissionado da prefeitura de Campina Grande entre fevereiro de 2013 e julho de 2015, no cargo de ‘Gerente II’, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do município.
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O advogado mantém uma relação estreita com o deputado e presidente da ‘Casa’, Adriano Galdino (PSB). O partido de Bruno é comandado na Paraíba pela esposa de Galdino, a prefeita de Pocinhos, Eliane Galdino (Avante).
Os dois assumiram o comando da legenda ano passado e o ingresso de Adriano no partido é dado, há tempos, como já definido. O deputado espera somente a ‘janela’ partidária, para deixar o PSB.
A Top Mídia, que tem como sócio o diretor-geral da Assembleia, trabalhou na campanha de Eliane Galdino na disputa pela prefeitura de Pocinhos em 2016 e em 2020. Na primeira recebeu R$ 12,5 mil pelos serviços. Ano passado um montante de R$ 20 mil, de acordo com dados do TSE.

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Foto: reprodução TSE
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Bruno diz que não participa dos negócios da empresa

Ao blog, o advogado e diretor-geral da Assembleia Legislativa do Estado, Bruno Mouzinho Régis, disse que nunca teve poder decisório sobre os negócios da Top Mídia.
Ele ressaltou, no entanto, que a “empresa não é investigada. Apenas foi acionada pela Justiça para fornecer o contrato que fez. Cabe à Justiça investigar se dentro das eleições houve, ou não, abuso de poder econômico”.

“Eu não tenho participação nos negócios da empresa. Sou sócio cotista. Não emito pagamentos, nem recebo”, observou.

Após a operação da PF, na última terça-feira, Bruno pediu a retirada do nome dele do quadro societário da Top Mídia.

Top Mídia diz que cumpre contratos e não teve bens apreendidos

Em nota, no dia da operação da PF, a empresa disse que “atendeu a um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal, que realiza operação de investigação na Prefeitura de Gado Bravo. A empresa não teve nenhum bem apreendido e colaborou com as investigações entregando os contratos e notas fiscais por serviços prestados à Prefeitura, para o devido esclarecimento dos fatos”.
Ao blog, a empresa declarou também que atua “em função da nossa capacidade técnica e dentro do que determina a lei. Todos os serviços contratados foram executados e têm comprovação”.