O legado deixado por Ivandro, aos 92 anos, em tempos de ódio na política

Ex-senador foi enterrado no início da noite de hoje

Foto: Divulgação
O legado deixado por Ivandro, aos 92 anos, em tempos de ódio na política
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O ex-senador paraibano Ivandro Cunha Lima morreu, hoje pela manhã, aos 92 anos. Em casa, ao lado de familiares, ele partiu para uma nova dimensão. Em tempos de ódio na política, de radicalização e estrangulamento das relações entre as pessoas, os rastros deixados por ele bem que poderiam servir de espelho para os demais homens públicos.

Embora tenha militado de forma ativa por muito tempo na política e de ter posições firmes, a civilidade de Ivandro era unanimidade entre admiradores e adversários.

Nem mesmo a fase mais visceral do embate entre o grupo Cunha Lima e o ex-governador José Maranhão, por exemplo, fez o ex-senador retirar de seu diário o respeito e a preservação de uma amizade duradoura com o emedebista – à época rival político.

Pai de cinco filhos, ele compreendeu a missão de liderar a família. Perdeu o pai ainda jovem. E como filho mais velho assumiu a responsabilidade de ‘tocar’ o barco em diante. Dono de uma mente invejável, cuja capacidade passeava da política à poesia, Ivandro conseguiu subir na vida.

Foi senador e deputado federal. Em 1976 perdeu a eleição para prefeito de Campina Grande, mas viu antes de morrer o neto realizar o seu sonho.

Na Fazenda Caiçara, Ivandro contemplou a paz em seus últimos dias de vida. Foi lá que ele imortalizou, através da poesia, uma das árvores da propriedade. Escrevia sobre coisas do cotidiano. Pregava o diálogo como princípio de convivência humana.

O ex-senador ficou conhecido, no universo da política, como um homem de caráter. Coisa rara, aliás, nos tempos de hoje.