Polícia Federal na Paraíba cria núcleo para crimes cibernéticos e vai mirar desvios no ‘Fundão Eleitoral’

Em entrevista ao Blog, novo superintendente revela como será atuação da PF no Estado

Foto: divulgação
Polícia Federal na Paraíba cria núcleo para crimes cibernéticos e vai mirar desvios no 'Fundão Eleitoral'
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Nomeado para comandar a Superintendência da Polícia Federal na Paraíba desde janeiro deste ano, o delegado Marcelo Ivo de Carvalho tomou posse há pouco mais de um mês no cargo. Natural de Ilhéus, ele já passou por unidades importantes da PF e terá como primeira grande missão, na Paraíba, guiar a instituição nas eleições deste ano.

Cabe à PF, por exemplo, a apuração de crimes eleitorais e de práticas que coloquem em risco o processo eleitoral.

Em entrevista exclusiva ao Blog, o novo superintendente fala sobre expectativas para sua gestão e o que está sendo planejado para o combate a crimes como corrupção, tráfico e delitos cibernéticos.

Um dos temas abordados, claro, foi como será a atuação da PF nas eleições estaduais de 2022. Os quase R$ 5 bilhões do Fundo Eleitoral, que serão usados na campanha deste ano, entrarão no radar da PF.

Confira a entrevista:

1 – Qual o cenário encontrado pelo senhor na Polícia Federal na Paraíba? E quais os projetos que deverão ser colocados em prática daqui em diante? Quais são as prioridades?

A Polícia Federal no Estado da Paraíba possui ótima estrutura em sua sede, situada na cidade de João Pessoa, a qual é referência para a construção de novas sedes em outros estados. Há a previsão de inaugurar ainda neste ano um moderno estande de tiro no local, o que permitirá realizar o treinamento de nossos policiais com melhor estrutura, conforto e segurança. Estamos trabalhando ainda em projetos de criação de um centro para treinamento operacional, na ampliação de nossa área para a apreensão de veículos e em um projeto para a produção de energia fotovoltaica. Recentemente inauguramos as instalações de uma força-tarefa para atuação conjunta com outras forças de segurança, voltada ao combate de facções criminosas e crimes violentos. Também está sendo criado um Núcleo de Repressão a Crimes Cibernéticos, para a investigação especializada de crimes de pedofilia, fraude bancária e ataques cibernéticos, dentre outros delitos de alta tecnologia. No Porto de Cabedelo estamos estruturando o nosso Núcleo de Polícia Marítima, com a reativação e a reforma de nossa sede. Além disso, estamos trabalhando na incorporação de uma lancha para patrulhamento do porto e na compra de outros materiais, como equipamentos de mergulho e motos aquáticas. No Aeroporto de João Pessoa iremos incrementar o efetivo, a estrutura e a atuação da Polícia Federal, para melhoria de sua segurança e o enfrentamento aos diversos delitos que podem ser praticados por meio do modal aéreo. Temos igualmente projetos em andamento para melhoria de nossas unidades descentralizadas situadas no interior do Estado, com a reforma de nossa delegacia na cidade de Campina Grande e a construção de uma nova sede para a delegacia da cidade de Patos.

2 – Há no país inteiro uma polêmica forte sobre mudanças nas superintendências da PF, no Governo do presidente Jair Bolsonaro. O senhor se sente confortável com relação a isso? Qual a visão sobre o tema?

Alterações são discricionárias e naturais em qualquer mudança de administração. Desde que ingressei na Polícia Federal, sempre me senti muito confortável e motivado em todos os momentos de minha vida profissional.

3 – Estamos em um ano eleitoral. Como se comportará a PF no Estado? Como será essa atuação?

A Polícia Federal possui um padrão de atuação para garantir a regularidade das eleições, que envolve a cooperação com Justiça Eleitoral, Ministérios Públicos e órgãos de segurança pública federais e estaduais. Estamos em fase de alinhamento para atualização, revisão e aprimoramento de procedimentos, que devem seguir a mesma linha de atuação adotada em eleições passadas.

4 – Na seara eleitoral, que estratégias e/ou equipamentos a PF deve usar no trabalho de combate aos crimes eleitorais? A compra de voto ainda é um desafio? A PF será firme no combate a essa prática?

A integração e a troca de informações entre os órgãos de segurança e a Justiça Eleitoral estão entre as principais estratégias de combate aos crimes eleitorais. Recentemente introduzimos o uso de drones para combate de alguns crimes eleitorais, em especial a boca de urna. A compra de votos é um desafio juntamente com outras práticas antigas, como o transporte de eleitores e propaganda no dia da eleição; e práticas novas, como a difusão de notícias falsas e o desvio de verbas oriundas do fundo eleitoral. Atuaremos rigorosamente em todas essas frentes.

Polícia Federal na Paraíba cria núcleo para crimes cibernéticos e vai mirar desvios no 'Fundão Eleitoral'
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5 – E com relação à corrupção. Quais são os números relativos a operações aqui no Estado e como será daqui em diante? A PF pretende ampliar as operações que apuram desvios de dinheiro público?

O combate aos desvios de recursos públicos e à corrupção sempre será uma prioridade da Polícia Federal. Possuímos no Estado um histórico de diversos trabalhos relevantes realizados. No momento estamos alocando mais recursos humanos em nossa delegacia especializada. Além disso, estamos trabalhando para aumentar a aproximação institucional com órgãos parceiros, como Controladoria Geral da União, Ministério Público e Tribunais de Contas. Temos em andamento a celebração de um acordo de cooperação com o Tribunal de Contas do Estado, o que deve intensificar a troca de informações para subsidiar o desencadeamento de novas operações. Outra iniciativa muito importante é o desenvolvimento de novas ferramentas de nossa perícia em parceria com a Universidade Federal da Paraíba, com a qual também estamos celebrando um acordo de cooperação, para auxiliar na elaboração de laudos em investigações envolvendo obras públicas, dentre outras iniciativas.

6 – Qual o recado que o senhor daria para aqueles que fraudam licitações, praticam peculato e/ou desviam recursos públicos?

Desvios de recursos públicos sempre deixam rastros e com certeza vamos chegar na identificação e responsabilização de seus autores. O trabalho para garantir o emprego adequado desses recursos e identificar as irregularidades será intenso e permanente.

7 – No que se refere ao tráfico de drogas. Como combater as facções criminosas?

O combate ao tráfico de drogas é essencial para o enfrentamento de facções criminosas, pois trata-se de atividade que figura entre as principais e mais lucrativas fontes de renda dessas organizações. O combate à facções deve ainda envolver a identificação, a prisão e o isolamento de lideranças, além tratar da lavagem de dinheiro e descapitalização de todos os envolvidos direta ou indiretamente em suas atividades. Todas essas frentes já estão sendo trabalhadas no âmbito de uma força tarefa para atuação integrada, composta por membros do sistema penitenciário e órgãos de segurança estaduais e federais, sob coordenação da Polícia Federal.

8 – Em termos de estrutura, há perspectiva de melhoria no quadro de funcionários da PF na Paraíba?

Recebemos recentemente incremento de efetivo de papiloscopistas, agentes, escrivães, peritos e delegados. Há um concurso para novos cargos em andamento, com a possibilidade de recebimento de mais servidores.