Direita entende mais de cinema do que Academia de Hollywood

No Brasil de hoje, somos testemunhas de um assustador e gravíssimo processo de imbecilização.

No Brasil de hoje, somos testemunhas de um assustador e gravíssimo processo de imbecilização.

Tomem, como ilustração do que estou dizendo, as reações da direita brasileira desde que Democracia em Vertigem, de Petra Costa, foi indicado como um dos cinco filmes que disputam o Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem.

Muitos reagiram. Até o presidente da República (que disse não ter visto o filme), com a incontinência verbal que é marca do seu estilo. E, obviamente, incontáveis pessoas anônimas que se manifestaram nas redes sociais.

Entre uma pretensa ironia e uma indisfarçável falta de inteligência, usaram basicamente o mesmo argumento: como o filme de Petra Costa concorre à estatueta de Melhor Documentário se não é um documentário?

Justo – diz a direita brasileira – seria enquadrá-lo como obra de ficção, posto que distorce a realidade, manipula os fatos.

Os muitos comentários que li deixam dúvida sobre o que é ironia e o que é ignorância mesmo.

Fiquei pensando na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que existe há mais de 90 anos.

O Oscar, cobiçadíssimo prêmio por ela concedido anualmente aos melhores do cinema, também existe há mais de 90 anos.

A julgar por todas essas cabeças pensantes da direita brasileira, a Academia, que já foi presidida por Frank Capra, Gregory Peck e Robert Wise, não sabe distinguir entre um filme de ficção e um documentário (risos!!).

Erra na hora de classificar, por categorias, quem vai disputar as suas estatuetas (mais risos!!).

Somos, então, levados humildemente a concluir: a ultradireita brasileira, esta que chegou ao poder em 2018 levada pelo voto de 58 milhões de eleitores, entende mais de cinema do que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.