Bruno realinha argumentos e vai “bancar” um decreto próprio para Campina Grande

Por LAERTE CERQUEIRA

Bruno realinha argumentos e vai "bancar" um decreto próprio para Campina Grande

O prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), vai “bancar” um decreto com características próprias para cidade. Quer adequar a necessidade de tomar medidas de restrição mais duras, como exige o momento, mas  dialogando com setor produtivo, comércio, serviços e indústria; apostando na conscientização e prometendo fiscalização rígida e assertiva.  Espera, assim, diminuir o avanço do coronavírus e a pressão no sistema de saúde.

Difícil saber ainda se é o bastante, mas agora, felizmente, com argumentos realinhados, sem “bairrismo” ou ataques políticos com dados questionáveis e questionados, como registramos no Conversa Política

Em entrevista ao Bom Dia Paraíba, das TVs Cabo Branco e Paraíba, apresentou argumentos que podem convencer o Ministério Público e a própria Justiça, no caso de uma judicialização das medidas.

O MP até recomendou que a prefeitura siga o decreto estadual. O que Bruno não deve fazer. Porém, vai se municiar de alternativas aplicáveis e com possibilidade, pelo menos na teoria, de dar resultado e de reverter a “solicitação”.

Negociação 

Abriu espaço para o diálogo e para a diplomacia que o momento exige. Reconhecendo, indiretamente, que não dá para culpar o outro, apenas, e que há espaço pra negociar com uma boa argumentação.

Faz isso ao dizer que pode ter um modelo de “medidas” que é mais rígido do que o do estado de um lado, e mais flexível de outro, a depender de como as próprias autoridades locais de saúde compreendem a situação e vão “bancar” as medidas.

Com dados, números e conhecimento locais, pode, sim, convencer que a bandeira laranja do plano do governo pode ser adaptada, reajustada.  O próprio governo do Estado fez isso quando incluiu fechamento de serviços não essenciais no fim de semana (neste último decreto), ou um toque de recolher à noite, para evitar o fechamento da maioria das atividades durante 15 dias, como prevê o plano base.

Como fez o prefeito Cícero Lucena (PP), de João Pessoa, que, por causa de compromissos políticos-eleitorais, e evitando confronto direto com o governador João Azevêdo, alinhado político, resolveu pedir mudanças e ceder, mesmo a contragosto. Encontrou um meio-termo ainda questionável.

Mudanças 

Entre os ajustes que o decreto de Campina deve trazer: mudança de horário do trabalho de comerciários, com escalonamento; ajuste no horário de aberturas de bares e restaurantes, comércio e serviços; foco no transporte público para evitar aglomeração; mais rigidez nas medidas que permitem eventos. Readequação na ocupação de espaços e de atividades religiosas, que na cidade é atividade “essencial”, por lei.

Apesar de não concordar com toque de recolher, Bruno Cunha Lima garante fiscalização intensa e punição para meia dúzia de irresponsáveis que, de fato, fazem com que todos paguem. Vai funcionar? Vamos ver. Como também não sabemos qual o efeito do toque de recolher, sem fiscalização, em muitas cidades do estado que estão na bandeira laranja.

Bruno anuncia que vai liderar um movimento com as cidades que estão ao seu redor ou que de alguma forma estão ligadas a Campina Grande, referência no sistema de saúde. Vão de 20 a 70 municípios.

Reconhecer que precisa unir todos para que Campina não seja a penalizada muda toda a perspectiva. Sai do campo da lamentação e da busca por um culpado, num momento que se exige mais, e assume o protagonismo na solução de um problema regional. Se convencer na retórica, nas medidas e nos resultados, sai bem maior.

Vale ressaltar o que já disse em outro artigo aqui: um passo em falso é colapso. O risco está colocado. Hoje, chegamos ao triste número de 50 mortes registradas nas últimas 24 horas.