João Pessoa tem a maior taxa de contaminação por Covid-19 das capitais do Nordeste, registra Observatório da UFPB

Por LAERTE CERQUEIRA e ANGÉLICA NUNES 

João Pessoa tem a maior taxa de contaminação por Covid-19 das capitais do Nordeste, registra Observatório da UFPB
Covid-19 — Foto: Fantástico

Dados do Observatório de Síndromes Respiratórias da UFPB, deste sábado (05), mostram que João Pessoa tem a maior taxa de contaminação (ou de transmissibilidade) das capitais do Nordeste. O levantamento dos dados foi feito, com exclusividade, pelo Conversa Política.

O índice da cidade paraibana é de 1,39. O que significa que 100 pessoas contaminadas estão transmitindo o vírus para pelo menos 139. De acordo com os dados, a tendência é de crescimento. Veja gráfico:

João Pessoa tem a maior taxa de contaminação por Covid-19 das capitais do Nordeste, registra Observatório da UFPB

A taxa de transmissibilidade, número reprodutivo efetivo ou razão de reprodução efetiva, segundo o Observatório, indica quantas pessoas, em média, um indivíduo infeccioso pode contagiar em uma população na qual nem todos são suscetíveis. Uma consulta no site do Observatório mostra a seguinte situação, em outras capitais:

Capital/Taxa

Natal: 0,8
São Luis: 0,85
Teresina: 0,86
Fortaleza: 0,87
Salvador: 0,88
Recife: 1,02
Aracaju: 1,05
Maceió: 1,06
João Pessoa: 1,39

Entenda cálculo de contaminação 

De acordo com o Observatório, se a taxa for menor que 1, cada indivíduo infeccioso causa, em média, menos do que uma nova infecção, então os níveis de contágio da doença irão decair e a doença irá, eventualmente, desaparecer.

Se a taxa for igual a 1, cada indivíduo infeccioso causa, em média, exatamente uma nova infecção, então os níveis de contágio da doença permanecerão estáveis e a doença se tornará endêmica.

Mas se a taxa for maior que 1, como acontece em João Pessoa, cada indivíduo infeccioso causa, em média, mais do que uma nova infecção, então a doença se propagará na população e poderá haver uma epidemia.

Ou seja, um aumento de casos pode ocorrer de maneira repentina e, consequentemente, pressionar a rede hospitalar.  

Os pesquisadores lembram que, apesar de ser muito útil para avaliar o potencial de propagação de doenças infecciosas em diferentes contextos, é uma medida teórica.

Obtenção dos dados 

O Observatório de Síndromes Respiratórias da UFPB usa informações utilizados foram obtidos do repositório mantido por Wesley Costa no GitHub, que compila informações do Ministério da Saúde e do repositório de dados públicos Brasil.IO. Os números são usados como referência pelos gestores do país, para tomada de decisões.

Taxa de ocupação

Neste domingo (06), a prefeitura de João Pessoa divulgou outro índice usado na adoção de medidas restritivas, a taxa de ocupação. Segundo a PMJP, nesse quesito, a capital paraibana tem a menor taxa de ocupação de UTIs, entre as capitais do Nordeste, e isso justificaria a manutenção de medidas menos restritivas na academias, restaurantes e bares.

Ocupação neste domingo

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, hoje, na Grande João Pessoa (1º macro região), estão 200 adultos internados em UTI com Covid-19. A taxa de ocupação geral de UTI é de 78%; de UTI Adulto, 80%. Na 2º macro região, em Campina Grande, são 86% de ocupação de UTI adulto; e no Sertão, 3º macro, 93%.