PB é um dos 5 Estados que mais produzem energia eólica

Novo projeto vai gerar 48MW de capacidade instalada, o que daria para iluminar e fornecer energia para aproximadamente 60 mil residências.

Jean Gregório
Do Jornal da Paraíba

Mesmo sem política energética definida e locais mapeados para trazer investimento, a Paraíba já está inserida entre os cinco Estados brasileiros que mais produzem energia renovável, a chamada energia eólica, produzida pela força dos ventos. O Litoral Norte, mais precisamente a cidade de Mataraca, representa hoje o maior investimento de energia renovável da Paraíba. A construção do segundo parque eólico no Estado pelo grupo australiano Pacific Hydro atraiu o maior financiamento do BNDES à Paraíba no ano passado (R$ 162 milhões) por meio do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) do governo federal.

Apesar de alguns incentivos fiscais do Estado, o grupo australiano informou que no primeiro parque (Fazenda Millenium), inaugurado no ano passado, foram investidos R$ 49,2 milhões enquanto o segundo, chamado de ‘Parque do Ventos’, que será ainda inaugurado neste primeiro semestre, consumirá outros R$ 250 milhões. As 60 torres de 80 metros de altura do ‘Parque dos Ventos’ da Pacific Hydro vai gerar 48MW de capacidade instalada, o que daria para iluminar e fornecer energia para aproximadamente 60 mil residências.

Contudo, os bons ventos do Litoral Norte paraibano que atraiu atenção do grupo australiano e os recursos históricos do BNDES poderiam ser multiplicados não apenas para diversas outras regiões do Estado, para gerar energia limpa e renovável, mas também diversificá-las, como é o caso da energia solar e de biomassa, também abundantes no Estado.

Contudo, para introduzir na matriz energética convencional a energia renovável, é preciso um marco regulatório claro, consistente e – o mais importante -, para além de mandato governamental, o que significa uma legislação específica e de longo prazo.

A defesa dessa política vem do coordenador do Laboratório de Energia Solar (LES) da UFPB, Zaqueu Ernesto da Silva, que mesmo considerando importante os investimentos em energia eólica do grupo australiano, cobrou dos gestores públicos uma política de Estado para o setor para além de negócios.

“Ainda não existe um estudo concreto do mapa eólico no Estado, que identifique o potencial e velocidade dos ventos nas diversas regiões. Esse seria o primeiro passo para se introduzir na matriz energética um programa que atraisse mais investimentos de outras regiões da Paraíba e que servissem de base para construir outros parques eólicos. Contudo, a questão central continua sendo a ausência de uma política de longo prazo e de continuidade”, frisou Zaqueu.

O engenheiro Luiz Galdino, do grupo australiano da Pacific Hydro, responsável pelos dois parques eólicos instalados no Litoral Norte da Paraíba, disse que usou estudos preliminares da mineradora Millennium sobre a velocidade dos ventos para construir o primeiro parque. “Há espaço enorme de expansão da energia limpa e renovável. Utilizamos apenas de 1% a 2% da capacidade de produzir energia eólica do Brasil, no Litoral Norte, que tem um dos melhores ventos do País”.

Para o engenheiro, a energia eólica “não substitui a convencional hidrelétrica, mas é complementar, pois precisa de sua rede de transmissão para ser utilizada”, frisou. Na prática, os especialistas afirmam que o Estado que estiver mais preparado, vai atrair não somente mais investimentos nacionais e externos, mas dominar o cenário de energia renovável no século 21.