TECNOLOGIA
Dose alta de remédios naturais pode causar mutações
Testes foram feitos com casca de cajueiro, própolis e outros produtos. Efeito também pode ser positivo; na dúvida, cientistas recomendam cautela.
Publicado em 19/09/2008 às 9:31
Do G1
Mesmo para medicamentos “naturais”, supostamente “sem contra-indicações”, ainda vale a regra estabelecida pelos antigos gregos: a diferença entre remédio e veneno é apenas de dose. Essa é a principal conclusão de trabalhos apresentados durante o 54. Congresso Brasileiro de Genética, que termina nesta sexta (19) na capital baiana. Pesquisadores que estudam produtos da farmacopéia popular brasileira, como própolis, casca de cajueiro e alecrim-do-campo, mostraram que, em doses altas, esses remédios podem causar mutações potencialmente perigosas no DNA. Em doses pequenas, no entanto, há o efeito oposto: a proteção contra danos no material genético.
“A única coisa que a gente pode recomendar é cautela. Essa coisa de ficar tomando chá, chá e mais chá não é garantia nenhuma de saúde”, disse ao G1 a pesquisadora Denise Crispim Tavares, da Universidade de Franca (interior paulista). “Veja bem, eu sou viciado em tererê [uma das muitas formas de preparo da erva-mate]. Mas eu certamente não sairia por aí bebendo qualquer extrato de planta”, acrescenta Paulo Peitl Júnior, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São José do Rio Preto. “Ao que parece, o crucial é a dose. Se você vai mesmo fazer uso desse tipo de produto, nunca exagere”, reforça Ilce Mara de Syllos Cólus, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná.
Em sua apresentação no congresso, Cólus explicou a razão básica para ficar com o pé ligeiramente atrás em relação a supostas curas miraculosas envolvendo chás e extratos de plantas: os vegetais não foram simplesmente feitos para serem comidos ou virarem remédio. “Todas as plantas produzem os chamados metabólitos secundários, substâncias produzidas como defesa contra predadores que também podem ter efeitos negativos sobre o organismo humano”, lembra ela.
Para ler esta matéria na íntegra clique aqui.
Comentários