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Profissionais da Saúde reclamam de baixos salários em concursos
Apesar da estabilidade financeira oferecida, salários não são atrativos.
Publicado em 25/07/2011 às 14:59
Camila Alves
Do Jornal da Paraíba
Baixos salários oferecidos no mercado, mais instabilidade e ainda carga horária extensiva. Essa combinação tem feito com que os profissionais da área de saúde desiludam-se do trabalho no setor privado e procurem os concursos públicos, pretendendo, sobretudo, a estabilidade. Embora eles também reclamem das remunerações nada atraentes oferecidas nos editais - em alguns casos elas ficam similar ou até abaixo do mercado, os candidatos analisam outras questões e optam pelo serviço público.
Entre elas estão uma menor carga horária, possibilidade de ter dois empregos e uma maior autonomia para trabalhar. A enfermeira Ana Patrícia do Egito, que já trabalhou durante cinco anos em Unidades de Saúde da Família (USFSs) através de contrato temporário, apontou que “em USF você fica dependendo de política, quando não é concursado, e geralmente trabalha todos os dias. Você fica insegura, a qualquer momento pode sair”.
A profissional já é concursada em um hospital municipal, mas continua estudando em busca de melhoria salarial. “Em alguns editais o salário oferecido é super defasado. Mas ainda assim a gente busca a efetividade e por isso se inscreve. Muitos profissionais estão se formando e o mercado está cada vez mais difícil. Como os salários não estão muito bons, também estou estudando para concursos em outras áreas”, relatou.
O enfermeiro e especialista em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Antônio Carlos Narcísio, apontou a falta de autonomia e desvalorização salarial e de títulos como principais agravantes para investir no emprego público. “Os salários estão hiperdesvalorizados e temos uma autonomia limitada dentro do trabalho hospitalar. O mercado também não reconhece aqueles profissionais que possuem especialização, mestrado, ou qualquer tipo de qualificação a mais. Eu posso ser especialista, mas ganho igual àquele que tem só a graduação. Já os concursos públicos levam em conta os títulos, o que melhora a remuneração”, ponderou.
Ciente das dificuldades enfrentadas no mercado privado, a enfermeira Aline Correia optou pela qualificação acadêmica desde a época de aluna e, atualmente lesionando na rede privada de ensino técnico, prepara-se para ser professora efetiva de universidade pública. “Não tive como trabalhar em hospital, mas desde a minha vida acadêmica eu não tinha muita preferência para atuar nisso. Existe uma desvalorização do profissional nas unidades de saúde. Eles não têm poder para tomar decisões”, afirmou.
Salários
Segundo o presidente do Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB), Gerson da Silva Ribeiro, os salários mais atrativos para os profissionais de enfermagem são oferecidos nos certames em nível federal, ficando acima de R$ 2 mil. Já os concursos municipais e estaduais oferecem salário até menores que mil. “Em todo o Estado a remuneração oferecida é baixa, uma das menores do Brasil. Também não existe uma lei que regulamente o piso salarial, então na rede privada a situação é pior. Os patrões pagam o que acham que devem”, disse Gerson, acrescentando que, além disso, eles cobram as 40 horas semanais.
Na rede privada os salários variam, mas em grande parte das unidades de saúde fica em torno de mil, assemelhando-se aos concursos municipais. Ainda conforme Gerson, há dois projetos de lei tramitando no congresso que visam a beneficiar os enfermeiros. Um diz respeito à redução da jornada de trabalho de 40 para 30h semanais. Outro objetiva estabelecer um piso de dez salários mínimos para os graduados ( totalizando R$ 5.440) , cinco mínimos para os técnicos (R$ 2.725) e três para os auxiliares (R$ 1.635).
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