“Se números frios não tocam a gente,
espero que nomes consigam tocar”
Esse é o mote.
“Se números frios não tocam a gente, espero que nomes consigam tocar”.
Ele se repete ao final de cada estrofe.
Como numa cantoria nordestina.
O que vem antes do mote, estrofe após estrofe, são nomes de pessoas.
Nomes de pessoas e o que elas faziam antes de ser levadas pela Covid-19.
A letra é de Bráulio Bessa.
A música é de Chico César.
O nome é Inumeráveis.
Digamos que se trata de um blues nordestino.
Se quisermos, encontraremos algo de Bob Dylan, de quem Chico já se aproximara em Reis do Agronegócio.
Inumeráveis arrebata a gente.
Tem, a um só tempo, muita beleza poética – quando fala das pessoas e de como elas eram – e um grito forte contra os que sabotam o combate à Covid-19.
Esse brado e essa poesia cresceram ainda mais no encontro de Chico César – sua voz e seu violão – com Mônica Salmaso, essa grande cantora brasileira.
Com Chico e Mônica, Inumeráveis é bonito demais.
Tudo é muito lindo e dolorosamente triste.