Roberto Carlos viveu para cantar Emoções. John Lennon não viveu para cantar In My Life

Roberto Carlos viveu para cantar Emoções. John Lennon não viveu para cantar In My Life

John Lennon tinha somente 25 anos quando compôs In My Life.

Está no álbum Rubber Soul, que é de 1965.

Na letra, escrita na primeira pessoa, um homem velho faz uma retrospectiva de sua vida.

Fala de amores e amizades. Vê tudo de longe.

É uma das mais belas canções dos Beatles. Paul McCartney reivindica uma coautoria, mas é improvável que esta tenha ocorrido.

No meio, George Martin colocou um solo de piano de inspiração barroca que torna tudo ainda mais bonito.

In My Life pode parecer com tudo, menos com uma canção feita por um cara com 25 anos.

Roberto e Erasmo Carlos tinham 40 anos, em 1981, quando fizeram Emoções.

A letra, também na primeira pessoa, é completamente diferente da de John Lennon, mas o conceito é o mesmo.

A música, totalmente americanizada, pede o acompanhamento vibrante de uma big band.

Aos 25 anos, John Lennon não tinha idade para compor, muito menos para cantar In My Life.

Aos 40, Roberto Carlos ainda era muito jovem, e o ideal era que envelhecesse mais para cantar Emoções.

No final da década de 1990, com problemas de audição, George Martin, o maestro dos Beatles, fez uma espécie de disco de despedida. Chama-se, justamente, In My Life.

Martin, com pouco mais de 70 anos, chamou um amigo, com quase 70, para interpretar a canção de Lennon.

Fez a coisa certa. E ainda acrescentou: “Você não vai cantar, vai declamar a letra”.

O amigo era Sean Connery, e o resultado é de dar nó na garganta.

John Lennon, assassinado aos 40 anos, não envelheceu para cantar In My Life na hora certa.

Roberto Carlos, que acabou de completar 80 anos, viveu para, afinal, cantar Emoções como um homem velho.