Maria Bethânia faz 75 anos. Ela acertou porque sempre teve liberdade para fazer do seu modo

Maria Bethânia faz 75 anos. Ela acertou porque sempre teve liberdade para fazer do seu modo

Nesta sexta-feira (18), Maria Bethânia (Foto: divulgação) faz 75 anos.

Quem botou o nome dela foi o irmão quatro anos mais velho, Caetano Veloso.

Era o título da linda valsa de Capiba que fazia sucesso na voz de Nelson Gonçalves.

“Maria Bethânia, 

tu és para mim

a senhora do engenho…”

Capiba

Em meados dos anos 1960, quando ela foi para o Rio substituir Nara Leão no espetáculo Opinião, Caetano foi junto com a missão de tomar conta da irmã.

Quando lá chegaram, Bethânia tratou de dizer que era livre e que não caberia ao irmão ser responsável por ela.

Essa pequena história remete a uma das grandes marcas dessa grande cantora brasileira: a liberdade.

Dona da sua vida e da sua carreira. É o que ela sempre foi e assim permanece sendo.

Bethânia faz do jeito que quer fazer.

Canta o que quer cantar.

Grava o que quer gravar.

Faz o show do modo que quer.

A altíssima qualidade do seu trabalho vem daí.

Dessa liberdade e dos acertos nas escolhas que faz.

Nos últimos 20 anos, ela cresceu ainda mais, depois que trocou uma grande gravadora multinacional pela brasileira e pequena Biscoito Fino, onde gravou uma série de discos de estúdio e vários registrados ao vivo, além de documentários e shows em DVD e Blu-ray.

Maria Bethânia chega aos 75 anos no topo, se a compararmos com as maiores cantoras do Brasil.

E mais: com um impressionante domínio do espaço cênico.

Ela sabe tudo do palco e por este caminha, sempre com os pés descalços, como se sobre ele estivesse flutuando.

Ver Maria Bethânia de perto é uma das grandes experiências para o espectador que gosta de assistir ao vivo os artistas que admira.

A força dramática do seu canto, a fusão de música e poesia.

Nos estúdios e nos palcos, Bethânia é liberdade e imensa beleza.

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MARIA BETHÂNIA EM OITO DISCOS

RECITAL NA BOITE BARROCO

De 1968. Segundo disco de Bethânia. Primeiro dos muitos ao vivo. O repertório mistura passado e presente, como a cantora faria sempre. Ela não participou do Tropicalismo, mas gravou Baby, que Caetano compôs por sugestão sua.

DRAMA

De 1972. Um dos melhores discos de Bethânia. A produção é de Caetano Veloso, que acabara de voltar do exílio londrino. Em Volta por Cima, o passado recriado. Em Esse Cara e Estácio Holly Estácio, o que era novo em 1972.

A CENA MUDA

De 1974. No palco, Bethânia abriu mão dos textos. Só música. No disco, o resumo de um show excepcional. Grande registro do espetáculo dirigido por Fauzi Arap. Tem Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gonzaguinha e Sueli Costa.

PÁSSARO PROIBIDO

De 1976. Marcante porque, com Olhos nos Olhos, Bethânia fez muito sucesso nas emissoras de rádio AM. Era Chico compondo no feminino e encantando as mulheres. Tem o Gonzaguinha de Festa e o Gil de Balada do Lado Sem Luz.

Betha capas

ÁLIBI

De 1978. Bethânia no auge do sucesso comercial, mas também dos méritos artísticos. Provando que uma coisa não inviabiliza a outra. Tem Sonho Meu, em dueto com Gal, e Álibi, de Djavan. E tem Explode Coração, de Gonzaguinha.

MEL

De 1979. Depois de Álibi, outro disco comercialmente muito bem sucedido. Na letra da faixa que dá título ao disco, a abelha rainha que virou apelido. Lábios de Mel leva a Ângela Maria. Grito de Alerta confirma o sucesso de Gonzaguinha.

AS CANÇÕES QUE VOCÊ FEZ PRA MIM

De 1993. Bethânia não participou do Tropicalismo, mas mandou que o mano Caetano prestasse atenção na Jovem Guarda. Passados 25 anos, gravou seu tributo à dupla Roberto & Erasmo Carlos. Uma refinadíssima homenagem.

BRASILEIRINHO

De 2003. Gravando num pequeno selo (Biscoito Fino), Bethânia funde a palavra falada com a palavra cantada em comovente mergulho no Brasil profundo. Dos santos populares ao sincretismo religioso, de Luiz Gonzaga e Villa-Lobos.

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Fecho com Caetano ao vivo, num registro de 1978, fazendo Maria Bethânia, a valsa de Capiba que fez sucesso com Nelson Gonçalves.