VIDA URBANA
Apreensão de drogas aumenta 68,7%
Aumento reflete uma diversificação das quadrilhas que importam drogas para o Estado, diz delegado da Polícia Federal.
Publicado em 17/07/2014 às 6:00 | Atualizado em 06/02/2024 às 16:57
Somente no primeiro semestre deste ano, 289,9 quilos de drogas, entre cocaína, crack e maconha, além de três mil comprimidos de Artane, foram apreendidos pela Polícia Federal em toda a Paraíba. Os números são 68,7% superiores a todo o balanço de apreensões do ano de 2013, quando 171,87 quilos de drogas foram apreendidos. Para o delegado de repressão a entorpecentes da Superintendência de Polícia Federal da Paraíba (PF), Fábio Maia, esse aumento reflete uma diversificação das quadrilhas que importam drogas para o Estado.
Apesar do aumento de apreensões com relação ao mesmo período do ano passado, Maia não aponta uma diferenciação no trabalho que costumeiramente já é feito nesse sentido pela PF. Conforme o delegado, o trabalho é contínuo no combate à entrada de entorpecentes na Paraíba. “Sendo que, além de tentar inibir o tráfico de drogas no Estado da Paraíba, o Departamento de Polícia Federal procura usar mão de obra qualificada (inclusive nossa, na Paraíba) para operações de repressão ao tráfico de entorpecentes em outras regiões do Brasil”, disse.
O foco das ações da PF é no tráfico interestadual de entorpecentes, visando, sempre que possível, os carregamentos de maior vulto. Nesse sentido, o delegado destacou as apreensões realizadas esse ano no Estado, que se concentraram nas unidades da PF em João Pessoa, Campina Grande e Patos. A segunda, conforme ele, merece especial atenção, além das divisas com outros Estados. “Apesar disso, de forma geral a PF procura atuar de maneira abrangente em todo o Estado. Mas nós podemos colocar como destaque as divisas da Paraíba com os Estados do Rio Grande do Norte e de Pernambuco”, afirmou Fábio Maia.
E isso não se deve a nada em específico, tendo em vista que a maior característica das drogas que entram no Estado são de serem de outros países. “Historicamente, a maior parte da maconha consumida no Brasil (e a Paraíba não é exceção) vem do Paraguai e a cocaína em geral da Bolívia. Não vemos qualquer mudança nesse padrão”, comentou.
Fábio Maia disse ainda que observa a presença de um número cada vez maior de quadrilhas que trazem as drogas para a Paraíba.
ASSISTÊNCIA PARA REDUZIR CONSUMO
Conforme o coordenador estadual de Políticas Públicas de Combate às Drogas, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Humano (Sedh), Tullio Polari, o que tem acontecido, com relação ao grande número de drogas apreendidas na Paraíba e em suas divisas é um reflexo de atividades das polícias de todo o país. “Além disso, a população tem acreditado mais, se vendo como um participante e coautor de políticas públicas de combate às drogas”, comentou.
A partir desses números, porém, não se considera que haja uma menor circulação de drogas no Estado. Nesse sentido, linhas de atuação da Sedh são delineadas para garantir que haja um enfrentamento interno ao uso de drogas dentro do Estado. “Temos, como destaque, a melhor rede de Centros de Atenção Psicossocial (Capes) do País, temos na linha particular uma boa estrutura de casas de recuperação. Mapeamos 52 esse ano em toda a Paraíba. Além disso, nos próximos 40 dias dispararemos no Estado um plano que pretende terceirizar os leitos existentes para dependentes químicos em toda a Paraíba, já estou com o edital em mãos”, assegurou.
Apesar do trabalho desenvolvido, Polari ainda coloca a necessidade de ampliação do sistema. Hoje, na Paraíba, há apenas 900 leitos para atender à população de dependentes químicos. Número ainda insuficiente, tendo em vista que há 400 pessoas precisando de internação imediata.
DELEGADO DA PF DESTACA AVANÇO DA COCAÍNA NO INTERIOR
O delegado de repressão a entorpecentes da Superintendência de Polícia Federal da Paraíba (PF), Fábio Maia, disse que algo interessante recentemente observado é uma circulação maior da cocaína no Estado. “Antes, apenas cidades grandes tinham mercado consumidor desse tipo de droga. Hoje, qualquer cidade pequena tem pontos de venda e consumidores para esse produto. Isso vem ocorrendo, em minha visão, desde meados de 2007/2008 e ultimamente apenas se acentuou”, ressaltou.
Outro aspecto observado é o grande número de comprimidos de Artane apreendidos. Somente nesse primeiro semestre, foram três mil. Conforme Maia, esse medicamento é utilizado para a pacientes que sofrem de Mal de Pankinson. E pelos bandidos ele é aplicado no do golpe 'boa noite cinderela', tendo em vista ser ele alucinógeno e capaz de gerar dependência. “O número é elevado, mas já houve apreensões desse medicamento antes, inclusive realizadas pela ECT (Empresa de Correios e Telégrafos). Não é comum, entretanto, termos apreensões dessa quantidade”, opinou.
Além do destaque na apreensão da cocaína e do Artane, Maia disse que isso não descaracteriza o que já é constantemente observado: a maconha ainda é a droga que mais circula dentro da Paraíba. “Mas é importante ressaltar que ações estão sendo realizadas. Somente esse ano, oito prisões de pessoas ligadas ao tráfico de drogas foram efetuadas. E outras estão a caminho”, concluiu.
Análise da Notícia
Por: Prof. Dr. Júlio Rique Neto
Chefe do Departamento de Psicologia da UFPB
JOVENS INCLUEM DROGAS NA DIVERSÃO COM AMIGOS, DIZ DOUTOR EM PSICOLOGIA
Respondo a essa questão sobre as drogas como psicólogo do desenvolvimento com foco na juventude. São diversas as razões que levam uma pessoa a se tornar usuário de drogas, porém, considero que a facilidade ao acesso às drogas pelos jovens a mais séria. É alto o número (se não a maioria) de jovens que quer apenas se divertir com seus amigos e incluem as drogas nessa diversão. Não existem traumas ou conflitos com família ou sociedade, apenas diversão. Uma vez inserida no grupo, o uso da droga tende a se estabelecer, mesmo que esporadicamente. Portanto, o uso das drogas é um problema de saúde pública.
Tendo em vista a gravidade da questão, declaro que não vejo esforço dos poderes públicos para a proteção dos jovens na luta contra as drogas, ou seja, é preciso oferecer educação, entretenimento, segurança aos jovens para a vida na comunidade. Ainda assim vão buscar drogas, mas maior dificuldade de acesso e melhores alternativas vão ajudar a diminuir significativamente o trafico e a demanda.
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