CULTURA
A memória de artistas visuais
Artista visual Paraibano José Rufino é personagem de documentário do cineasta português Rodrigo Areias.
Publicado em 09/04/2014 às 6:00 | Atualizado em 16/01/2024 às 17:43
Não é apenas de exibições de filmes e shows musicais que o Festival de Cinema dos Países de Língua Portuguesa (Cineport) interage com a Paraíba. A 6ª edição do festival, que acontece até o próximo domingo na Usina Cultural Energisa, em João Pessoa, também traz a realização de novos projetos de intercâmbio entre Brasil e Portugal.
Um deles recebe o título provisório de Na Memória do Presente, um documentário do cineasta português Rodrigo Areias que tem como personagens principais três artistas visuais de lugares distintos: o angolano Fernando Alvim, o português Daniel Blaufuks (cuja exposição Fábrica se encontra em cartaz na programação do festival) e o paraibano José Rufino.
“Escolhi artistas que fizessem a mesma utilização do processo de apropriação da memória”, conta Rodrigo Areias, que conheceu José Rufino durante o Cineport de 2011, quando o paraibano apresentou a instalação Divortium Aquarum.
“O confronto de como são dados esses acessos da memória ou de alguma formatação do passado”, resume Rufino, que já gravou algumas cenas no seu atelier. “O documentário vai explorar como nós repensamos esse passado”.
Rodrigo Areias conta que vai acompanhar o lançamento de uma exposição coletiva que o paraibano estará presente, no próximo dia 12, durante a 1ª edição da Bienal do Barro do Brasil, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. O evento que aborda a arte contemporânea vai apresentar a obra Sublimatio, sobre a Ditadura Militar no país. “É um tema menos pessoal, mas não deixa de ser”, justifica o documentarista.
Rufino explica que a nova produção surgiu como várias outras: através do contato local e temporal. No caso, a referência é a icônica foto da morte do jornalista Vladimir Herzog. “É da família do Lexicon Silentii, que foi feito com pedras e restos das casas dos camponeses de Sapé”, aponta o artista paraibano.
Para Areias, o documentário ganhará forma com base no processo criativo dos três personagens envolvidos na produção.
“É do meu interesse explorar as relações entre Brasil, Portugal e Angola. Não há como fugir das relações históricas”, afirma.
Ainda este ano, provavelmente em setembro, Rufino viajará para Portugal para encontrar os outros vértices da pirâmide documental, Fernando Alvim e Daniel Blaufuks.
Além de Rodrigo Areias, o cineasta português Tiago Pereira também está rodando um filme por aqui. A produção mostra um político de Portugal que fugiu para o Brasil na época da ditadura e se envolveu com as lutas camponesas, começando pela Paraíba.
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