SILVIO OSIAS
A morte de uma benfeitora da humanidade e a lembrança de Oona
Jane Goodall morreu aos 91 anos nesta quarta-feira, 01 de outubro de 2025.
Publicado em 02/10/2025 às 8:09

Convivi com animais desde a infância, mas acho que só conheci o amor incondicional a eles quando adotamos a beagle Oona. Eu já me aproximava dos 50 anos, e ela havia sido abandonada pela tutora porque era trelosa demais.
Oona, Samuel, a gorda Rafa, Rocco e Laika. Chegaram a ser cinco beagles, que já se foram. Hoje, temos o golden Aladim e o samoieda Zimmy.
"E no final/O amor que você recebe/É igual ao amor que você dá". Sabe a canção/epitáfio dos Beatles? - pois é assim na relação entre os chamados seres humanos e os animais. E só quem tem um cachorro em casa sabe o que é ter um cachorro em casa.
A foto da beagle que ilustra a coluna foi publicada pela Folha de S. Paulo. Sim, mas é da nossa Oona. No dia em que ela foi personagem de uma matéria do jornal.
Nesta quarta-feira, 01 de outubro de 2025, lembrei muito dela. Foi o décimo aniversário da sua morte. Oona em nossas vidas - uma experiência humana.
O dia começou com as lembranças de Oona, e à tarde veio a notícia da morte, aos 91 anos, de Jane Goodall. Não deixa de ser uma coincidência interessante porque as duas coisas - a relação com o animal que você tem em casa e o trabalho da cientista Jane - apontam para a mesma ideia: o amor incondicional aos animais.
Soube da morte de Jane Goodall através de uma postagem de Stella McCartney, filha de Paul McCartney. Outra vez, os Beatles - sempre eles - em nossas vidas. Além do talento musical, Paul McCartney carrega consigo o amor incondicional aos animais.
Jane Goodall nasceu na Inglaterra em 1934 e morreu de causas naturais nos Estados Unidos, nesta quarta-feira. Aos 91 anos, ainda estava em turnê, fazendo conferências.
Nesse mundo em que um homem insano, com seus homens e suas bombas, mata crianças e idosos, e segue matando há quase dois anos, a presença de Jane Goodall é um sopro de esperança, é como se houvesse alguma saída para a humanidade.
Jane Goodall se dedicou a estudar os chimpanzés. E dava nomes a eles. Era criticada porque deveria dar números. Mas ela dava nomes como nós damos nomes aos nossos animais. Nomes e apelidos que eles entendem e sabem que são deles.
Nosso Aladim, chamo de Zé Bambinho. Nosso Zimmy, de Zé Bambão. Digo que formam uma dupla sertaneja. E eles também atendem quando são chamados pelos apelidos. Do mesmo modo que os chimpanzés que receberam nomes dados por Jane Goodall.
Gosto de pensar que a humanidade tem seus benfeitores. Eles são antídotos a homens maus como Trump, Netanyahu, Putin e - tão próximo de nós - Jair Bolsonaro.
Creio que formei a ideia de benfeitor da humanidade na infância, quando fui levado a um posto de saúde para tomar a gotinha que evitava a pólio, e minha mãe contou que a gente devia aquilo a um cientista chamado Albert Sabin.
Albert Sabin era um benfeitor da humanidade. Dr. Sabin e sua gotinha que salvou tantas crianças nesse mundo que, agora, está cheio de gente que é contra as vacinas.
Jane Goodall era uma benfeitora da humanidade. Ela, seu amor aos animais e às forças da natureza que o homem está destruindo num caminho que parece não ter volta.
Os animais têm personalidades, mentes e emoções - amanheci com um vídeo de Jane dizendo isso. Ela aprendeu isso com um professor. O professor era seu cachorro. Aladim e Zimmy também são meus professores. Todos os dias, aprendo algo com eles.
A morte de Jane Goodall é como a derrubada de uma floresta. Mas fica o legado, traduzido na comovente imagem do abraço que ela recebeu de um chimpanzé reabilitado.
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