Gafe e licitação do Governo afetam mercado publicitário da Paraíba

Phelipe Caldas

Uma trapalhada e uma licitação, ambas promovidas pelo Governo da Paraíba, vêm agitando o mercado publicitário do Estado. A trapalhada diz respeito a uma palestra que seria realizada em João Pessoa nesta sexta-feira (30) e que acabou sendo cancelada por ausência dos próprios publicitários locais, enquanto que a licitação será para definir as contas de publicidade do Governo Maranhão e que chama a atenção pelo montante envolvido no negócio (que pode chegar a mais de R$ 100 milhões ao término de todo o processo).

Tudo começou quando o Governo do Estado convidou o vice-presidente institucional do Conselho Executivo das Normas Padrões (entidade nacional que disciplina a atividade publicitária), Caio Barsotti, para dar uma palestra em João Pessoa. Acontece que nem o próprio Conselho que Barsotti nem a Associação Brasileira de Agências de Publicidade foram avisadas do evento, o que demonstrava que a palestra pretendida pelo Governo não tinha o aval das duas principais entidades do ramo.

E mais: consultada pelas agências de publicidade da Paraíba, o Conselho Executivo das Normas Técnicas disse que Caio Barsotti não tinha sido autorizado pela entidade para realizar aquela palestra. Diante disto, os publicitários acharam por bem não comparecer ao evento que seria realizado no auditório da Cinep.

Sobre o cancelamento da palestra, os publicitários dizem que isto não traz nenhum prejuízo ao mercado e que o evento poderá ser realizado a qualquer momento, mas desde que as entidades nacionais do setor sejam avisadas e participem como coautoras.

O detalhe é que Caio Barsotti vem a ser ex-sub-secretário de Comunicação do primeiro Governo Lula, órgão federal que durante sua passagem foi denunciado pela CPI dos Correios e que teve envolvimento direto no famoso escândalo do mensalão. O próprio Barsotti, inclusive, foi convocado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou o caso.

Licitação

É em meio a toda esta confusão que o mercado paraibano de publicidade se prepara para a licitação que vai definir quais agências ficarão responsáveis pela propaganda estatal. O que chama a atenção dos concorrentes é que o contrato é de R$ 16 milhões por ano, mas este valor pode chegar a até R$ 20 milhões anuais. E como o edital prevê que o contrato pode ter até cinco renovações, estará em disputa na licitação uma cifra que pode ultrapassar os R$ 100 milhões.

Outra questão que está em jogo é o valor que será gasto em publicidade pelo Governo Maranhão apenas nestes últimos seis meses do ano. Isto porque a Lei das Eleições diz que existem duas formas de definir quanto de publicidade um gestor pode gastar em ano de eleição: a média do que foi gasto nos três anos anteriores ou o valor total do que foi gasto no ano que antecede o pleito. E como o governador peemedebista não tem uma média a se apegar, ele só poderá gastar no ano das eleições o mesmo valor que ele gastar agora em 2009.