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Professor realiza sonho de ter filhos após adotar irmãos

Publicado em: 14/08/2022 às 15:34

O casal de professores Ana Karla, 32 anos, e Leonardo Breno, 40 anos, de Campina Grande, no Agreste da Paraíba, estão juntos há oito anos (sete desses casados) e o sonho do casal era construir uma família com filhos. Inicialmente, ter filhos biológicos era a ideia dos dois, mas por questões médicas, esse sonho não pôde ser realizado dessa forma. Isso não os impediu de fortalecer o vínculo enquanto casal e ir em busca do sonhado desejo em ver a família crescer.

É nesse momento onde entram os irmãos João Lucas, 8 anos, e Miguel, 5 anos. Os dois meninos estavam em um abrigo da cidade de Campina Grande por cerca de dois anos, quando, em 2020, tiveram a chance de ter um lar para, de fato, chamar de seu. Foi no lar de Ana Karla e Leonardo Breno que eles encontraram morada, e como Leonardo costuma dizer, foi um “encontro de almas”. O sonho do casal em ter filhos e a esperança dos irmãos em encontrar uma família se uniram num único sentimento: gratidão!

Citação

“O sonho está sendo realizado todos os dias”, afirma Leonardo Breno.

Leonardo Breno, pais dos irmãos

				
					Professor realiza sonho de ter filhos após adotar irmãos
Sonho de Leonardo Breno era se tornar pai - Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Breno. Sonho de Leonardo Breno era se tornar pai - Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Breno

Busca pelo primeiro filho

Ter filhos era um sonho do casal. Era o principal sonho de Leonardo. E a ideia do casal era de ter filhos biológicos, mas o processo da realização do sonho do casal por este método precisou ser deixado de lado. 

Juntos há oito anos, o casal decidiu que era a hora de engravidar. Mas o processo de ter o primeiro filho de modo biológico não conseguiu ser bem sucedido por uma incompatibilidade genética do casal. Leonardo explica que receberam esse diagnóstico por diversos especialistas e quando receberam a indesejada notícia, o mundo deles desabou.

“O mundo caiu! Para a gente foi uma bomba. Estávamos em João Pessoa, num especialista de lá [quando receberam o diagnóstico]. Eu mesmo fiquei em transe até sairmos do consultório. Fomos a um local para comermos algo e choramos muito. Algo assim mexe com muita coisa”, explica Leonardo.

Leonardo ainda explicou que o casal tinha na mesa a opção de realizar um tratamento médico específico para conseguirem engravidar e/ou realizar a adoção de uma criança, pois, inicialmente, o casal pensava em ter um filho biológico e outro adotivo. No período, o casal havia se cadastrado na Vara da Infância e da Juventude em Campina Grande na expectativa de conseguirem realizar uma adoção. O casal resolveu, então, iniciar o tratamento e entrar na fila de adoção. 

Contudo, num determinado dia, a Vara entrou em contacto com o casal de professores para perguntar se eles aceitavam conhecer dois irmãos que estavam em um abrigo da cidade, e ambos não pensaram duas vezes: “desistimos de ter um filho biológico e nos dedicamos aos meninos de corpo e alma”, relatou Leonardo Breno.

Adoção dos irmãos

O processo de adoção de João Lucas e Miguel durou quase dois anos. Leonardo Breno e Ana Karla deram início ao processo de adoção em janeiro de 2019, realizando um cadastro na Vara da Infância e da Juventude de Campina Grande. O casal seguiu todo o protocolo estipulado para realizar uma adoção. Tiveram que passar pela parte burocrática (onde se consiste na transmissão de informações de como funciona o processo de adoção e a entrega de todos os documentos necessários) e a realização de um curso promovido pela Vara, para, em seguida, entrarem na fila de adoção.

Quando a Vara entrou em contato com o casal para saber se Leonardo e Ana Karla teriam interesse em conhecer dois irmãos que estavam em um abrigo da cidade, eles não pensaram duas vezes. No primeiro contato que tiveram com os irmãos, Leonardo conta que os meninos estranharam bastante o que estava acontecendo, mas por se tratar de uma novidade na realidade deles, foi compreensível.

“[Conhecemos os meninos] no próprio abrigo. E por incrível que pareça, foi bem conturbado, pois os meninos estranharam um pouco e a gente ficou naquela ‘será que vai dar certo?’, ‘será que seremos aceitos?’. Como qualquer novidade, se cria muita expectativa, e com eles não foi diferentes”, relatou o pai dos irmãos.

Após o primeiro encontro de Leonardo e Ana com os irmãos João Lucas e Miguel, outros quatro encontros ainda viriam. Essas cinco visitas ocorreram no abrigo onde os irmãos estavam morando e entre a primeira visita e a última, passaram-se cerca de 30 dias. E a adaptação dos garotos com o casal acontecia dentro do próprio abrigo mesmo. Só após essa adaptação que o juiz da Vara autoriza os irmãos a passarem um final de semana na casa dos adotantes. 

A adaptação foi considerada rápida, e Leonardo ainda comentou que logo após a segunda visita que eles fizeram aos irmãos no abrigo, logo quando o casal estava de saída, escutou o João Lucas comentar com outras crianças do abrigo: “aquele alí é meu pai!”.


				
					Professor realiza sonho de ter filhos após adotar irmãos
Dia em que o casal conheceu os irmãos - Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Breno. Dia em que o casal conheceu os irmãos - Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Breno

O processo de adoção dos irmãos João Lucas e Miguel foi concretizado entre os meses de outubro e novembro de 2020. O pai das crianças explicou que a adaptação na nova moradia dos garotos foi rápida e que toda a família acolheu os irmãos muito bem. 

“Como estava próximo do final do ano [haja visto que o casal conseguiu a adoção dos meninos no final de 2020], conseguimos ter uma rotina mais trabalhada num curto período. Era próximo às férias, e como eu estava dando aula remotamente, serviu para nos adaptarmos melhor”, explicou Leonardo sobre como funcionou o processo de adaptação dos irmãos juntos aos pais.

Em 2022, será o segundo ano que Leonardo Breno terá motivos de sobra para comemorar o Dia dos Pais. Como o sonho do professor era ser pai, numa data emblemática como esta, ele comenta que até os pequenos gestos fazem a diferença na relação. “Por mais que pareça clichê, é uma data especial demais. As homenagens da escola, as que eles preparam para fazer em casa junto com a mãe e o querer passar o dia fazendo algo em prol do papai, não tem preço”, relata Leonardo.

Para Leonardo, escutar a palavra “pai”, vindo dos meninos, enche o coração do professor de alegria e gratidão, e ele não esconde esse sentimento de ninguém. “Consigo proporcionar e sentir a admiração deles querendo ser como eu, me achando o mais forte, o mais bonito e que sabe de tudo”, expressou o professor.

Citação

“Inigualável. Dá uma sensação de poder, tipo um super-herói!”, relata Leonardo.

Leonardo Breno, pais dos irmãos

Adote

De acordo com a Vara da Infância e da Juventude da Paraíba, há, atualmente, 48 serviços de acolhimento institucional de crianças e adolescentes no estado. Em João Pessoa, os dados estatísticos do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) apresentam 96 perfis de crianças e adolescentes que estão acolhidos em abrigos. Já em Campina Grande, são 67.

Para realizar o processo, a pessoa interessada em realizar a adoção precisa ser maior de idade (ter 18 anos ou mais) e ter mais de 16 anos de diferença da pessoa que deseja adotar, e deve procurar a Vara da Infância e Juventude do município e se informar da documentação necessária para entrar no Cadastro Nacional de Adoção, onde são solicitados documentos como: 

  • carteira de identidade; 
  • CPF;
  • certidão de casamento ou nascimento;
  • comprovante de residência;
  • comprovante de rendimentos ou declaração equivalente;
  • atestado ou declaração médica de sanidade física e mental;
  • certidões cível e criminal.

Logo após, será realizada uma entrevista, onde é determinado o perfil da criança ou do adolescente que se deseja adotar, de acordo com variados critérios. Posteriormente, os interessados serão encaminhados para participarem de um curso de preparação psicossocial e jurídica para adoção. O resultado será encaminhado para o Ministério Público e ao juiz da Vara da Infância e da Juventude que analisam o caso. Posteriormente, a Vara da Infância avisa sobre uma criança ou adolescente com o perfil compatível pré-determinado e há o primeiro contato entre a família e o possível adotado no abrigo. 

São realizadas algumas visitas para se constatar a adaptação entre os adotantes e o possível adotado e, após o período da guarda provisória, se constatado o benéfico convívio familiar, a equipe multidisciplinar da Vara da Infância emite um relatório favorável recomendando o deferimento da adoção. De acordo com o artigo 39, do parágrafo único do Estatuto da Criança e do Adolescente, “a adoção é medida excepcional e irrevogável”.


				
					Professor realiza sonho de ter filhos após adotar irmãos
Leonardo Breno diz ser um sonho ser pai - Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Breno. Leonardo Breno diz ser um sonho ser pai - Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Breno

Leonardo Breno pôde realizar o sonho da paternidade através da adoção legal e relatou que, ao ver a quantidade de crianças e adolescentes que estão na espera por uma família, o fez ter discernimento e reconhecer a importância do gesto de adotar e dar, para essas pessoas, um lar digno.

“Depois de vivenciarmos todo o processo e ver a realidade de muitas crianças, foi que vimos o quanto é importante [o processo de adoção] e a quantidade de crianças querendo uma família. Foi simples ver que não importa a forma. Ser pai é criar, dar amor, se importar, acolher, vivenciar”, finalizou.
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Erickson Nogueira

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