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COTIDIANO

Pai pratica karatê junto com filho para desenvolver interação, concentração e disciplina

Publicado em: 12/10/2021 às 6:20 Atualizada em 12/10/2021 às 6:44

Rodrigo está no karatê há seis meses. Muitas vezes acorda empolgado, fazendo golpes e mostrando o que aprendeu na aula do professor Joserlan de Oliveira, conhecido como Josa. Morando em João Pessoa, pelo menos duas vezes na semana, o pequeno de oito anos desenvolve a concentração e a disciplina de uma forma lúdica, por meio do esporte. Ele tem síndrome de down e encontrou no karatê o ambiente de interação e controle. 

Incentivado pelo pai, Walmírio José, que sempre gostou muito de esportes e sempre quis incluí-lo nas atividades, Rodrigo foi levado ao karatê. A decisão pela arte marcial surgiu a partir de um convite do pai de uma outra criança com síndrome de down. Desde a primeira aula experimental, Rodrigo participa de todas as atividades assiduamente, ao lado do pai, que desde o primeiro dia se tornou aluno, como forma de apoio e incentivo.

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A evolução até o momento é muito boa, pois ele interage com outras crianças, tem disciplina, obedecendo às determinações, regras e ensinamentos em aula, além de demonstrar interesse no aprendizado, desenvolvendo tanto física como intelectualmente”.

Walmírio José de Sousa, pai de Rodrigo

				
					Pai pratica karatê junto com filho para desenvolver interação, concentração e disciplina
Rodrigo e o professor Josa, durante competição de karatê. Rodrigo e o pai, Walmírio José. Foto: Walimírio José de Sousa/Arquivo Pessoal

‘Karatê é filosofia de vida’

Josa ensina karatê há mais de dez anos. Hoje se dedica, principalmente, a transmitir os ensinamentos da arte marcial para crianças, sem limite de faixa etária. Alguns, com dois anos, já chegam observando as aulas e aprendendo desde cedo o que fica de filosofia do karatê.

Na atual turma de Josa estão crianças com autismo, síndrome de down, déficit de atenção. Todos interagindo e aprendendo juntos. “Eu vejo todo dia uma vitória deles, percebo todo dia algo diferente. O karatê é repetitivo, eu repito várias e várias vezes e depois eu vou entrando em todo contexto da luta. Karatê é filosofia de vida”, declara o professor. 

No karatê, ensina-se a técnica, mas a disciplina e o respeito vem junto. Josa trabalha usando a língua japonesa, falando todos os golpes em outro idioma, e todos compreendem e acabam desenvolvendo um pouco do idioma. “O karatê pra mim é para vida. É uma questão de cultura. Uma cultura milenar”, destaca Josa. 


				
					Pai pratica karatê junto com filho para desenvolver interação, concentração e disciplina
Turma de karatê do professor Josa, em João Pessoa. Turma de karatê do professora Josa. Foto: Joserlan de Oliveira/Arquivo Pessoal

O karatê tem cinco lemas que ajudam na compreensão de uma modalidade voltada muito mais para o desenvolvimento pessoal do que para a luta a dois. Sendo mais um membro do esporte, o karatê constrói pessoas, desenvolve caráter e cultiva seres humanos para o respeito.

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Esforçar para a formação do caráter; Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão; Desenvolver o espírito de esforço; Respeito acima de tudo; Conter o espírito de agressão.

Cinco lemas do karatê

De acordo com a psicóloga Patrícia Barbosa, as crianças veem o esporte de uma forma lúdica e assim passam a desenvolver algumas habilidades, como a sociabilidade e a habilidade motora. Além disso, a criança passa a desenvolver no esporte o limite, sabendo o que pode e o que não pode ser feito.

Karatê começa com cortesia e termina com cortesia. As crianças recebem uma melhor qualidade de vida com os resultados do esporte. Generosidade e gentileza. “Fui campeão brasileiro, mas nunca mostrei minha medalha a ninguém, porque medalha enferruja, se acaba, conhecimento não, conhecimento é para vida. A gente aprende com eles [com os alunos]. Eu não dou aula de karatê, eles dão aula de karatê, eu passo o que eu sei, eles passam o que sabem”, diz Josa, em tom de agradecimento.

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Dani Fechine

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