Em outubro de 1970 o escritor, ensaísta e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna teve uma ideia que prometia apresentar a cultura popular do Nordeste em suas mais diversas formas: o Movimento Armorial.
A proposta de Suassuna era que os artistas não olhassem mais apenas para as influências europeias e passassem a também enxergar a beleza no colorido nordestino para inspirar suas obras.
Em 2020, para celebrar os 50 anos de história do movimento, uma exposição reuniu as principais obras armoriais, e passou por Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Agora, Campina Grande, no Agreste paraibano, se torna a primeira cidade a receber a Exposição "Movimento Armorial 50".
A exposição “Movimento Armorial 50” foi idealizada por Regina Godoy, com curadoria de Denise Mattar. O projeto reúne mais de 200 peças, entre quadros, esculturas, roupas e cordéis, de artistas como Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga, Zélia Suassuna e do próprio Ariano Suassuna.
As obras expostas foram cedidas por colecionadores e instituições públicas, como o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Desenhos de Francisco Brennand para os figurinos da peça O Auto da Compadecida, além da criação dos próprios figurinos, estão expostos ao público.
Há também obras de tapeçaria feitas em Taperoá por Zélia Suassuna, esposa de Ariano, e quadros do filho dele, o artista plástico Manuel Dantas Suassuna, que esteve no lançamento do projeto.
Manuel disse que viu o Movimento Armorial surgir quando tinha 10 anos, e de lá pra cá acompanhou todas as influências deixadas pelo pai, inclusive, o amor pela Paraíba.
Meu pai era paraibano e a gente aprendeu a amar a Paraíba através dele. Quando soube que [a exposição] seria aqui em Campina Grande fiquei muito feliz. Dá a oportunidade do pessoal do interior ver a exposição e nós temos uma memória afetiva com a cidade", disse.
A exposição também reúne obras de Gilvan Samico, primeiro artista a abraçar o Movimento Armorial. Vários quadros fazem referência ao colorido dos festejos populares do Nordeste.
E o próprio Ariano Suassuna também tem obras expostas no MAPP. A curadoria conseguiu resgatar os “Dez Sonetos com Mote Alheio”, escritos pelo paraibano em iluminogravuras. O alfabeto armorial, criado por ele, também ganhou espaço na mostra.
E a grande estrela do projeto é a Onça Caetana, um dos principais personagens da obra de Ariano Suassuna. Uma escultura que a representa foi instalada bem na entrada do museu, e quem passa na frente dos Três Pandeiros pode vê-la.
A exposição Movimento Armorial 50 Anos abre ciclo de atividades de uma mostra que celebra o movimento.
Além de apreciar as obras, o projeto também terá atrações musicais gratuitas, no Teatro Municipal Severino Cabral, e oficinas de xilogravura.
A entrada é gratuita mas os ingressos devem ser adquiridos com antecedência, pela internet.