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EDUCAÇÃO

Com pandemia e escola interditada há 3 anos, mãe protesta e diz que filha não aprendeu a ler

Publicado em: 08/02/2022 às 14:09

Estudar é algo que deveria fazer parte da rotina de todas as crianças em idade escolar, considerando que a educação é um direito previsto em lei. Mas, ainda em 2021, são muitos os obstáculos para permanecer na escola. Um dos reflexos dessas dificuldades é o número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever, que chegou a 2,367 milhões no passado.

Essa realidade, contudo, não está distante. Em Várzea, no Sertão da Paraíba, a pequena Laís, de apenas 7 anos, não consegue juntar as letras, formar sílabas e identificar palavras inteiras. A Escola Municipal Sandoval Rubens de Figueiredo, em que a garota estuda, está interditada há três anos porque, depois de uma reforma, apresenta risco de desabamento.

Quando a unidade de ensino foi interditada, a menina e os colegas passaram a assistir aula em outros prédios da prefeitura. Mas, com o início da pandemia de Covid-19 em 2020, o afastamento do ambiente escolar e do aprendizado foi ainda maior.

A auxiliar de escritório Ozinete Almeida, mãe de Laís, passou a buscar as atividades dela na sede na Secretaria Municipal de Educação ou na casa da professora da filha. Após a conclusão das tarefas, enviava as fotos das folhas rabiscadas para correção.

Em 2021, o sistema de uma hora de aula, em tempo real, foi implementado. Ainda em casa, por conta da pandemia, a internet foi uma facilitadora na transmissão dos ensinamentos. Nos demais dias, o esquema de aprendizagem continuava o mesmo, mesmo que ineficaz.

No fim do ano passado, a modalidade híbrida foi adotada. Mas, os dois dias de aula na escola e os outros dois com transmissão pela internet também não foram suficientes.

É angustiante para mim, como mãe, conviver com tamanho descaso com os nossos filhos. Algumas mães relatam que tem criança que não sabe mais nem as letras”, lamentou Ozinete.


				
					Com pandemia e escola interditada há 3 anos, mãe protesta e diz que filha não aprendeu a ler
Laís não consegue ler e escrever aos 7 anos anos. Foto: Ozienete Almeida.. Laís não consegue ler e escrever aos 7 anos anos. Foto: Ozienete Almeida.

Número de crianças de 6 a 7 anos que não aprenderam a ler e escrever subiu mais de 65% em três anos

A quantidade de crianças entre 6 e 7 anos que não sabia ler ou escrever passou de 1,429 milhão no ano de 2019, cerca de 25,1% das crianças brasileiras nessa faixa etária, para 2,367 milhões, aproximadamente 40,8% das crianças, em 2021. Os dados foram levantados pela ONG Todos pela Educação.

A alta é de é de 65,6% quando os números de 2019 e do ano passado são comparados. Isso significa que 40,8% das crianças entre 6 e 7 anos, no Brasil, não sabiam ler ou escrever em 2021.

Para se ter uma ideia mais prática desse cálculo, basta imaginar uma sala de aula com 25 crianças, sendo que 10 delas não foram efetivamente alfabetizadas.


				
					Com pandemia e escola interditada há 3 anos, mãe protesta e diz que filha não aprendeu a ler
De cada 25 crianças entre 6 e 7 anos, 10 não sabiam ler em 2021. Infográfico: Jornal da Paraíba.. De cada 25 crianças de 6 a 7 anos no Brasil, 10 não sabiam ler em 2021. Foto: Jornal da Paraíba.

Pais e estudantes protestam e cobram mais informações sobre as aulas

Sem informações concretas sobre o retorno das aulas, pais e estudantes de Várzea protestaram nas ruas da cidade. Entre os questionamentos, estavam a data e o local e que as crianças devem estudar já que a escola municipal permanece interditada.

Ao Jornal da Paraíba, o secretário municipal de educação, José Amilton, disse que as aulas deviam ter começado na segunda-feira (7). No entanto, como ele está em isolamento por causa da Covid-19 e alega que não teve tempo hábil para a adequação do prédio em que as crianças vão estudar, o começo do ano letivo precisou ser adiado para o próximo dia 14 de fevereiro.

O secretário também disse que as duas escolas públicas da cidade, uma estadual e outra municipal, estão interditadas e, por isso, funcionam em prédios do município. De acordo com ele, uma audiência para resolver o problema está marcada para março.

Mesmo com todos os problemas relatados pelos pais e por ele mesmo,

o secretário garantiu que as aulas vão acontecer no antigo prédio da Secretaria de Educação e no prédio da Agricultura Familiar, com oito salas de aula com no máximo 25 alunos por sala.

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Iara Alves

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